5 curiosidades para você procurar em um passeio por Milão
Em qualquer cidade do mundo, existem sempre curiosidades, que muitas vezes passam despercebidas por turistas e até locais. O significado de um monumento, de uma estátua, de um desenho em um muro e por aí vai.
Por aqui não é diferente e resolvi selecionar só 5 curiosidades sobre Milão (as que geralmente eu mostro durante os passeios culturais) para tornar seu passeio quase uma experiência investigativa. Três deles ficam concentrados na Praça Duomo e você só não vai procurar na sua próxima passagem por Milão, se não ler esse port.
1. A PORTA “BOMBARDEADA” DO DUOMO
Para quem não sabe, Milão foi intensamente bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e os bombardeiros de agosto de 1943 foram os mais intensos. A nossa catedral não foi diretamente bombardeada e diz a lenda que foi por causa de um acordo verbal feito entre o cardeal de Milão, Idelfonso Schuster com os ingleses.
Mas os arredores do Duomo foram destruídos e o Palazzo Reale, Galleria, Scala e até a loja La Rinascente, saltaram pelos ares. Com isso, parte da catedral foi danificada com os estilhaços dos pesados bombardeios, que lançaram toneladas e toneladas de bombas na cidade.
Na porta central do Duomo é possível ver as marcas nas cenas que contam a história da vida da Virgem Maria.
2. O CALENDÁRIO SOLAR DO DUOMO
Mais uma entre as várias curiosidades da catedral que muita gente nem percebe, já que entra olhando para cima, impressionados com a sua grandiosidade.
Mas mesmo quem olha o lindo pavimento original do século 16, às vezes não entende o que fazem ali, em uma igreja, os desenhos dos signos do zodíaco.
O calendário do Duomo fica perto das portas frontais e é uma linha de bronze que corta de norte a sul o chão e ainda sobe por três metros pela parede (norte – nave da esquerda), onde termina com a imagem do signo de Capricórnio.
Ele foi colocado em 1776 durante o domínio austríaco e é de clara influência iluminista. Ele foi realizado por dois astrônomos de Brera e foi pensando para mensurar com precisão o meio dia e para determinar a data (móvel) de Páscoa.
Como funciona? Entrando na catedral, vá até o lado direito e olhe para o teto. A 24 metros de altura você vai ver um pequeno furo. É ali que ao meio dia (solar) entra a luz do sol e marca na meridiana a hora e o período do ano.
Esse ano, durante um passeio cultural, entrei na catedral as 13h11 (horário de verão) do dia 21 de junho, dia do solstício de verão. Nem tinha me ligado na data e quando fui mostrar a meridiana, um pequeno grupo de milaneses estava em volta do desenho do signo de Câncer.
Ficamos parados esperando que a faixa de luz solar se aproximasse do desenho. As 13h17 a luz iluminava do desenho marcando o dia 21 de junho. Impressionante.
Quando o calendário/relógio foi realizado, um funcionário ficava controlando a luz e quando a luz marcava meio dia, ele saía no adro da igreja e agitava uma bandeira branca. Um colega, que ficava na torre do Palácio do Giureconsulti (do outro lado da praça) o via e também agitava uma bandeira branca em direção ao Castelo Sforzesco, onde finalmente um soldado dava o sinal e disparavam um tiro de canhão para marcar o meio-dia.
A próxima vez que você entrar no Duomo, não perca. Todo mundo se diverte tentando achar o próprio signo.
3. AS SETAS NA PRAÇA DUOMO
A praça monumental milanesa tem várias atrações turísticas: o Duomo, a Galeria, o Museu 900, o Palácio Real, a enorme estátua de Vittorio Emanuele no meio. Com tantas “distrações”, ninguém repara nas duas setas meio apagadas que ficam em duas colunas dos pórticos ao lado norte da praça, em frente a uma das entradas do metrô.
Elas sinalizavam os abrigos subterrâneos pela cidade durante a Segunda Guerra Mundial. Várias delas estão espalhadas por outras partes da cidade.
4. O INTERFONE ORELHA
Poucos turistas se aventuram pelos arredores de Corso Venezia. Uma pena, já que a zona é uma das mais elegantes de Milão (a minha preferida) com seus palácios do século 18 (ao longo do Corso) e suas ruas tranquilas que formam o Quadrilátero do Silêncio emoldurado pela bela arquitetura Liberty do início do século 20.
Em um desses palácios, em Via Serbelloni 10, no Palácio Sola Busca, fica uma originalíssima orelha esculpida em mármore pelo escultor milanês Adolfo Wildt nos anos 30 e que por alguns anos serviu de interfone. Hoje não funciona mais, mas não tem quem passe e não tire uma foto.
5. O ‘CONTORNO’ DA COLUNA INFAME
A história é milanesíssima e mesmo assim muitos locais não a conhecem. Tudo começa no século 17, durante a pior peste que se abateu sob cidade: a grande peste de 1630, onde 1/3 da população morreu.
O medo e o fanatismo permeavam a ‘lenda’ de que a peste era transmitida por improváveis “untores” , nome que em do verbo untar, lambuzar, que apoiados a muros e portas transmitiam através de um unguento, a fatídica doença.
Até que um dia, um pobre do agente de saúde foi acusado por duas mulheres de ter sido visto passando a mão em uma porta. Capturado e torturado, confessou e indicou um cumplice, o barbeiro Gian Giacomo Mora.
Na barbearia do coitado, em Corso di Porta Ticenese, foram encontrados pastas, pomadas e unguentos (temos que lembrar que esses profissionais também eram médicos, na época) que foram confundidos com a substância pestífera.
Gian Giacomo também foi capturado, torturado de forma bárbara e achando que poderia livrar a pele, mentiu, confessando tudo.
Os dois foram levados para Piazza Vetra (atrás da Basílica de San Lorenzo) e foram colocados em uma roda, tiveram todos os ossos quebrados, ficaram expostos por 6 horas antes de serem queimados vivos.
A barbearia foi demolida e no lugar foi colocada uma coluna de granito e uma lápide, que lembrava a barbaridade cometida. Em 1803 a coluna foi destruída e a lápide hoje fica no pórtico do Elefante no Castelo Sforzesco.
Quem desce hoje o Corso de Porta Ticinese quase nem repara na obra na esquina da Rua Gian Giacomo Mora e se repara, não entende a escultura côncava que fica na esquina.
Ela está ali, como o ‘contorno’ da Coluna Infame destruída, lembrando uma história que está longe, mas que foi um dos episódios negros da cidade. Uma outra lápide colocada em frente explica a história.
Para cada uma dessas curiosidades, Milão tem muitas outras, bem interessantes, mas quem sabe ficam para um outro post.
Adorei! Grazie
Mage!
Adorei o post e amo saber estas curiosidades!
O calendário solar do Duomo é impressionante!! Vou levar essa história para minha aula de italiano. Meu professor é milanês e quero ver se ele sabe dessa história! rss
Bjos!
Ola Carina!
Se ele é milanês conhece Milão, provavelmente conhece o calendario…
Depois me conte
Bjo
Bom dia! Tenho acompanhado seu blog para que possa me ajudar a ter uma idéia do que fazer em Milão em tão pouco tempo. Chegaremos em Milão no dia 30/09 para uma viagem de lua de mel. Desembarcaremos 8:30 da manha, alugamos um carro e vamos nos hospedar na cidade neste único dia. Minha dúvida é, o que conseguiremos fazer e conhecer em tão pouco tempo? Dicas de onde jantar, tomar um sorvete, um mercado, adoro conhecer os supermercados de onde viajo, rs…espero que possa me ajudar. Um abraço
Sirlei,
Para todas essas perguntas que vc me fez: sorveteria, restaurantes, museus, igrejas, o que fazer em 1 dia, tem um post no blog. Use o campo de pesquisa no lato a direita e vc vai achar tudo.
Boa estadia!