Casa Artusi: aula de culinária na Itália na escola artusiana

Inaugurada em 2007 em Forlimpopoli e considerada o primeiro centro italiano de cultura dedicado a cozinha doméstica, a Casa Artusi tem a tarefa de promover os princípios da cozinha italiana tradicional , que é a base da cozinha artusiana.

Foi ali, na semana passada, que depois de 14 anos na Itália, participei da minha primeira aula de preparação de massa fresca com uma “marietta”, como são chamadas as senhoras romanholas voluntárias que ajudam a difundir a gastronomia italiana tradicional.

O Mercado Metropolitano em Milão

Na cidade italiana onde tudo acontece e no ano da Expo, que trouxe vários eventos e iniciativas a Milão, o Mercato Metropolitano é um dos espaços abertos mais legais e descontraídos para um almoço, jantar ou só um aperitivo na cidade.
Inaugurado na primavera, no verão se impôs como uma nova opção de onde comer em Milão, em alternativa a (alguns) engessados bares e restaurantes milaneses.

10 pratos para provar no Norte da Itália

A Itália é sem dúvida o mais com a tradição gastronômica mais conhecida pelos brasileiros, já que a nossa afinidade com o país bota é grande, principalmente nas cidades brasileiras de maior presença de descendentes de italianos.

Mas quem pensa em encontrar aqui a cozinha italiana que conhece no Brasil, está bem enganado, já que ela foi adaptada para o gosto verde e amarelo, como por exemplo, colocando presunto em lasanha ou fazendo gente pensar que risoto aqui é feito com creme de leite.

A riqueza da gastronômia italiana, entre outras coisas, está no fato de ela ser muito diferenciada, mudando completamente de região para região: você viaja 80 ou 100 km e já conhece um prato nunca visto em Milão, por exemplo.

Por isso, pensei em deixar aqui uma lista muito pessoal (já que é feita de coisas que eu adoro) de alguns pratos e iguarias que você tem que provar nas regiões do Norte da Itália na sua próxima viagem!!

Bom apetite!

Ligura

1.Focaccia

O ingrediente mais famoso da região é o pesto: molho verde feito de manjericão, pinoli e pecorino. Mas se eu tivesse que comer só uma coisa na Ligura, seria a verdadeira focaccia. Normal, com cebola, tomate cereja, batatas ou a focaccia de Recco, feita com um queijo cremoso. Vale qualquer uma.

o que comer na Itália

A melhor que eu comi na minha vida, foi na cidade litoranea de Varazze.

Lombardia

2.Risotto de Açafrão e Ossobuco

Conta a lenda que um jovem ajudante de um dos vidraceiros que trabalhavam para o canteiro do Duomo no século 15, abusava demais do uso do açafrão para produzir as cores que seriam usadas nos vitrais.

O chefe, cansado do desperdício, um dia desabafa: e vai chegar o dia que você vai colocar até no arroz! Dito e feito, nascia o prato típico milanês.

E muitos restaurantes, ele é acompanhado do ossobuco, carne macia que é a coxa do boi e que apresenta o osso com o tutano no meio.

Na minha opinião, é um prato mais para o período outono-inverno.

3.Cotoleta

É o que nós brasileiros chamamos de bife a milanesa. Sim, a milanesa tem esse nome porque é um prato de Milão.

Mas não se engane, a verdadeira, aqui, é de carne de vitela, tem o osso e é frita na manteiga.

comida típica Milão

4.Bresaola

Meu embutido preferido, não è praticamente conhecido no Brasil. Produto IGP (Indicação Geográfica Protegida) é produzida na região lombarda da Valtellina e é um frio de carne de boi (e não de porco como os presuntos).

Crua (mas curtida), é temperada com ervas aromáticas e tem um teros de gordura baixíssimo. Com um fio de azeite e raspas de parmiggiano, é uma delícia.

5.Pizzoccheri

Outro prato típico da região da Valtellina, é meu preferido quando as tenperaturas começam a cair. Sim, porque é uma bomba e por mais que eu goste, não consigo pensar em comer um prato no verão.

comer na Itália

É uma massa feita de trigo mouro (que é escuro), misturada com erbette o coste (primas do espinafre), batata e regadas a queijo (rigorosamente o Bito) derretido e manteiga.

Piemonte

6.Brasato

É um corte de carne, cozida lentamente no vinho Barolo e geralmente servida com polenta. Prato mais indicado para se comer no inverno. Eu adoro.

o que comer na Italia

7.Trufa

Não tem meio termo: ou você gosta de trufas ou não. Eu aprendi a come-la aqui. As mais famosas e mais caras do mundo são as brancas, da cidade de Alba, que todos os anos em outubro organiza o Festival del Tarfufo di Alba, mas existe também a preta.

Estive na feira de Alba pela primeira vez ano passado e é um paraíso para os amantes dessa iguaria peculiar. Se você nunca provou, não se deixe enganar pelo cheiro, ele é mais forte que o sabor.

Um dos melhores pratos que comi com a trufa foi o ovo alla coccote em um restaurante em Alba, durante o festival. Mas ela também pode acompanhar massas e carnes.

Emilia Romagna

8.Gnocco Fritto e tigelle

É assim: eu coloco meus pés na região e sei que a minha primeira refeição vai ser gnocco fritto acompanhado de queijos (geralmente moles) e presuntos.

O gnocco, que não tem nada a ver com nhoque, é tipo o nosso pastel, mas sem recheio. Ele quentinho é uma delícia.

comida típica italiana

Outra especialidade da região é a tigella, uma espécie de pãozinho, sempre servido com queijos e presuntos, que é um disco preparado em uma “tostadeira” especial.

9.Tortellini

Servido com manteiga e sálvia ou mais tradizionalmente no caldo da carne, é o prato emiliano por excelência.

Geralmente o recheio é de carne, mas as vezes se encontram as versões recheadas com uma levíssima ricota.

10.Presuntos, mortadela e parmigiano

Não tem como pensar na região da Emília Romagna, principalmente na cidade de Parma, sem pensar nos famosos presuntos crús, cozidos e o culatello di zibello produzidos exclusivamente naquela zona.

Para fechar tudo, um pedaço do mais famoso (e imitado, sem sucesso) queijo do mundo: o parmigiano-reggiano. Na região de Bolonha, por exemplo, a fama vai para a saborosa mortadela.

E você? O que comeu por aqui pela primeira vez e adorou?

PS:. Ficam de fora da lista as regiões do -Trentino-Alto Adige (onde um dos pratos típicos é o canederli, muito gostoso), o Valle d’Aosta  e o Veneto, não porque ela seja menos importante, mas só porque 2 dos pratos mais conhecidos da região são duas coisas que eu não como: Bacalhau a Vicentina (feito com leite e é esse o problema para mim) e o Fígado alla Veneziana, que é como o que conhecemos, acebolado.

Ascoli Piceno: vinho e gastronomia entre o mar e as colinas

A Itália, alterna com a França, ano sim ano não praticamente, o título de maior produtor mundial de vinho. Seria difícil obter um título desse, produzindo o néctar dos deuses só em poucas regiões: a Itália produz vinho de Norte a Sul.

Os mais conhecidos são sempre os grandes tintos toscanos e piemonteses, mas outras regiões menos conhecidas dos brasileiros também são grandes produtoras de vinhos produzidos a partir de vinhas autóctones (vinhas originárias do território, não transplantadas).

As vinhas com a cidade de Offida ao fundo. Foto: Agnes27 Wikicommons

As vinhas com a cidade de Offida ao fundo. Foto: Agnes27 Wikicommons

É o caso dos vinhos Offida Passerina e Offida Pecorino , da província de Ascoli Piceno na Região Marche, que tive o prazer de conhecer durante o evento de show cooking com degustação, organizado pelo Consorzio Vini Piceni na Expo2015.

A Região Marche (lê-se marque) fica no centro da Itália e é emoldurada pelo Mar Adriático e pelas suas colinas e montes. Ascoli Piceno é a província mais ao sul da região e é a área de produção dos vinhos D.O.C.G. (Denominação de Origem Controlada e Garantida):

Offida Passerina

Vinho branco, obtido da uva passerina, apresenta uma tonalidade cristalina e sabor delicado, leve. É produzido também na versão espumante Brut com método Charmat (fermentação em autoclaves).

Offida Pecorino

Também branco, é obtido da uva pecorino e apresenta uma tonalidade amarela mais escura. É um vinho mais intenso e estruturado em relação ao Passerina.

A mesma zona produz também o tinto D.O.C.G Offida Rosso.

Os brancos de Offida foram os escolhidos para acompanhar os pratos preparados pelos chefes Sabrina Tuzi da Degusteria del Gigante e Vittorio Cameli, do Bistrot Kursaal.

Para não fugir da grande especialidade italiana que soma a simplicidade dos pratos com o máximo de sabor e tradição, Sabrina propôs: maccheroncini di Campofione (uma massa fresca longa ao ovo, típica da região) com verduras selvagens (colhidas nos campos), queijo stracchino (um queijo mole) e guanciale (carne da bochecha do porco).

A chef Sabrina Tuzi

O frescor da massa caseira, o sabor das verduras e da carne se misturavam perfeitamente sem que uma se sobrepusesse a outra. O vinho escolhido para acompanhar foi o Offida Pecorino.

Na segunda degustação o chef Vittorio Cameli, nos deliciou com uma parmegiana de anchovas.

Camadas de berinjela frita e anchovas (frescas) de sabor suave, me surpreenderam, porque confesso que não sou fã de nehuma das duas. Mas aqui estamos falando de cozinha de alto nível. Uma delícia acompanhada por uma taça de Offida Passerina.

O chef Vittorio Cameli e sua parmegiana de anchovas

O chef Vittorio Cameli e sua parmegiana de anchovas

E mesmo quando a proposta se moderniza e coloca os pés no street food, não se perde a qualidade e originalidade.

Na terciara e última degustação, para acompanhar uma outra taça de Offida Passerina, Sabrina Tuzi surpreende todos co um sanduíche de copa de peixe azul (que são os peixes como sardinha, anchovas, alice, peixe espada, atum) presente e pescados nas costas marchigianas, maionese de soja e verduras em conservas. O que dizer¿ Se todo o street food fosse assim, seria um prazer comer todos os dias na rua.

O street food da chef Sabrina Tuzi

Região de belezas paisagísticas, burgos encantadores e terra de grandes nomes das artes, como o pintor Raffaello, o arquiteto e pintor Bramante (arquiteto da Basílica de São Pedro), o compositor Rossini e a educadora Maria Montessori, não deixa nada a dever as suas vizinhas Toscana e Emilia Romagna.

Por uma de suas cidades, Macerata, eu passei há mais de 10 anos atrás, mas depois de conhecer as especialidades enogastronômicas já avisei aqui em casa: temos que ir “alle Marche”!

* A minha partecipação no evento de show cooking com degustação dos vinhos da zona de Ascoli Piceno foi um convite do Consorzio Vini Piceni, mas as opiniões relatadas aqui são pessoais.

Reserve seu hotel em Ascoli Piceno com o Booking, clicando aqui 

Reserve seu hotel em Offida com o Booking, clicando aqui

5 dicas de onde comer sanduíches em Milão

Quem está fazendo turismo em Milão, usando a maior parte do tempo para conhecer seus monumentos, muitas vezes prefere parar na hora do almoço só para um lanche rápido. Confesso que eu mesmo uso essa fórmula com meus clientes durante meus tours mais longos para perder menos tempo.

Mas comer um sanduíche aqui na Itália não é sinônimo de fast food. Nem pense em uma coisa dessas. Milano é a capital oficial italiana do panino e você pode se deliciar com sanduíches feitos com o melhor dos produtos italianos preparados com inúmeros tipos de frios, queijos e molhos, muitas vezes em combinações muito originais. É o que se chama de panino gourmet. Os preços variam de 5 a 14 euros, mas se você não “abusar” nas bebidas (bebendo água, por exemplo) pode ser também uma opção de refeição barata em Milão, gastando até 10 euros.

Aqui uma pequena lista dos melhores lugares onde comer um sanduíche em Milão no centro ou nas imediações.

DE SANTIS

Começo com o lugar mais famoso de Milão, já que tem quem diga que foram eles inventaram o panino gourmet por aqui.

200 tipos de sanduíches preparados com frios, queijos, patès, funghi, verduras de ótima qualidade e pão crocante com preços que vão dos 5 aos 14 euros (com lagosta).

onde comerm em Milão

O estabelecimento histórico é o do Corso Magenta, 9 (o que eu frequento), minúsculo, com poucos lugares e decoração de madeira. Eles tem também uma filial no 7° andar da La Rinascente, com menos opções de sabores e sem a atmosfera De Santis Magenta. Leia o post que escrevi anos trás sobre o lugar.

PANINO GIUSTO

Quem é de São Paulo talvez lembre da nossa filial na Rua Augusta, lá embaixo, sentido Jardins. Aqui é um dos precursores com a primeira loja aberta em 1979 em Corso Garibaldi.

Por aqui, virou rede e nos últimos anos o número de lojas se multiplicaram por Milão. Presunto de Praga, tartufo, queijos, frios, salmão defumado, receitas vegetarianas, receitas elaboradas por chefs estrelados e a idéia de servirem também hamburgers e pratos rápidos fazem a diferença por aqui.

comer barato MIlão

São várias unidades pela cidade. Quem está no centro tem a opção de San Babila e Via Turati, mas você pode encontrar também um Panino Giusto em Via Torino, Navigli, Porta Venezia, Corso Garibaldi. Clique no site deles para ver todos os endereços e bom apetite.

PANINI DURINI

Tudo começou com um cubícolo em Via Durini (daí o nome do lugar), mas nos últimos meses eles se alargaram e conquistaram a cidade.

Com um ótimo custo benefício, no momento é o meu preferido (por causa do pão). Os sanduíches custam de 5 a 10 euros e você pode escolher entre atum, presunto cozido e crú, bresaola, mortadela, culatello, salame, speck, coppa, peito de perú, salmão norueguês, roast beef em várias combinações com ingredientes de qualidade. Para quem quer fugir do sanduíche, eles também servem saladas.

comer em Milão

Eles também servem café da manhã, com uma grande variedade de briochès doces (croissant), muffins, sucos e vitaminas de frutas.

A unidade de Corso Magenta é meu refugio quando eu chego cedo em dias de visitas a Santa Ceia, mas eles tem vários endereços, clique no site para conhecer todas as lojas.

CROCETTA

Outro panino nascido nos anos 80, em plena onda do movimento Paninaro em Milão. A primeira unidade era a de Corso de Porta Romana, estação Crocetta do metrô. Mas a família se alargou e hoje eles contam com mais 3 unidades em Milão, a última aberta recentemente às portas de Brera e onde comi um panino Cosacco dias atrás: bresaola, queijo caprino, limão e gotas de vodka.

onde comer barato em Milão

As opções de ingredientes são as mesmas dos concorrentes e passam por vários tipos de frios, como o preseunto de javali, queijos e alguns tipos de peixe cmo atum, salmão e peixe espada. Servem também pratos frios preparados com verduras e frios e saladas. Clique aqui para conhecer todos os endereços.

FIASCHETTERIA COCOPAZZO

Sempre em Via Durini, no. 26,  ao lado do concorrente Panini Durini, um espaço minúsculo, cerca de 20 metros quadrados onde um atendente prepara, no momento, um sanduíche com pão crocante com os ingredienets que você escolher .

Nada de mesas nem cadeiras. No máximo, 2 banquinhos e um barril de vinho em pé onde apoiar copo e prato. Tudo na calçada.

fiaschetteria

Para quem preferir, é possível tomar um taça de vinho (que para mim não combina com panino) e escoher uma tábua de queijos para petiscar. Atrás fica o restaurante toscano do mesmo nome, mas confesso que a provei anos atrás e me deixou indiferente. Nada demais.