“I paninari”, Milão e a moda dos anos 80

A década de 70 com seus eventos políticos e terroristas tinham ficado para trás, o teor de vida começava discretamente aumentar e a moda e suas grifes começavam a se propagar. Os jovens dos anos 80 queriam só curtir a vida sem se preocupar. É nesse cenário que nasce em Milão o movimento sub-cultural juvenil Paninaro.

Tudo começa mais ou menos em 1985 e a juventude milanesa burguesa, entre 14 e 18 anos que frequenta uma lanchonete do centro de Milão chamada Al Panino, se auto-nomeia I Paninari (literalmente Os Sanduícheiros, já que panino está para sanduíche).

O clássico paninaro dos anos 80

O look clássico do paninaro era casaco azul da marca Moncler por cima de um moleton Naj Oleari, jeans rigorosamente Armani com cinto (socorro!!) tipo texano da marca El Charro, meias estilo escocês, sapatos Timberland e óculos Ray-Ban, mas outras bizarras combinações também eram permitidas, desde que tudo fosse absolutamente de marca.

Pensando hoje dá vontade de sair correndo de alguém vestido assim, mas eram os anos 80 e, como não poderia ser diferente em uma cidade como Milão, o que contava era a aparência, a moda e a música. 100% superficialidade, tudo era permitido. Só quem foi adoslecente (como eu) nos anos 80 pode entender tamanha aberração de look.

Os “paninari” tinham um linguajar próprio, feito de gírias e palavras abreviadas e como diz o próprio nome, se nutriam de toneladas de hamburgers nos fast-foods italianos pré Mc Donalds. Estacionavam os seus scooters nas ruas do centro e passeavam para cima e para baixo entre Praça Duomo e Praça San Babila percorrendo Via Vittorio Emanuele e frequentando lojas como a histórica Fiorucci, embalados pelas músicas de Duran Duran, Falco e Spandau Ballet.

Os paninaros e a revista do movimento

E foi próprio a música a difundir o movimento na Itália e até em parte da Europa. Em 1986 os Pet Shop Boys estavam na cidade para gravar alguns programas de Tv e se impressionaram com a moda que enlouquecia os jovens daqui. Câmeras nas mãos, registraram imagens de jovens milaneses e vitrines de lojas e assim nasceu o vídeo (e música) Paninaro. É o auge do movimento, que virou também uma revista.

Como toda tendência que se respeite, a moda paninara teve vida relativamente curta e se concluiu com o fim dos anos 80 e quem foi paninaro, hoje já está bem crescidinho.

Nós brasileiros, adoslecentes nos anos 80 (com look e cortes de cabelo não menos bizarros), não conhecíamos o movimento, mas quem não se lembra da música?  Uma observação: o vídeo (qualidade) é tão tosco quanto os looks e moda da época.

 

Milão no inverno

Provavelmente, a maioria das pessoas que planeja uma viagem para a Europa pensa em vir para cá na primavera e porque não, no verão. Ok, os dias são mais longos e ficar batendo perna é mais agradável com uma temperatura de 25 graus.

Mas existe um grupo de pessoas que por opção ou necessidade (de trabalho, por exemplo) vem para cá no outono e inverno e, apreciar a cidade com temperaturas que muitas vezes beiram o zero é possível. Afinal, nesse período a vida da gente aqui muda um pouco, mas não pára. O inverno muitas vezes é rigoroso, mas nem sempre com nevadas intensas.

Sim, você tem que rever os seus programas: nada de aperitivo (happy hour) nas mesinhas das calçadas e nem longas caminhadas pelas ruas de Brera e dos canais. Em Milão a dica é trocar tudo isso pelos inúmeros museus que a cidade tem à oferecer (Pinacoteca di Brera, Pinacoteca Ambrosiana, Museu Novecentos, Museus do Castelo Sforzesco, as casas museus, Gallerie d’Italia e outros), trocar as lojas de rua pelas compras na Rinascente ou na Galleria Excelsior, visitar as centenas de igrejas da cidade, muitas delas decoradas com afrescos famosos e obras de arte.

Uma sala da Gallerie d’Italia

Quem fala um pouco de italiano, ainda tem a opção dos teatros e cinemas da cidade.

E entre uma coisa e outra, essa é a melhor época para apreciar um almoço com entrada, primo e secondo prato com as melhores receitas de pratos outonais e invernais regadas a muito vinho ou até mesmo sentar e tomar um chá ou chocolate quente acompanhados dos maravilhosos pasticcini (doces de confeitaria) em confeitarias como a Pasticceria Cova, Pasticceria Cucchi ou na Peck.

O chocolate quente da Peck

Tenha o cuidado de se vestir em modo adequado (passar frio não é agradável) e você não irá perder nada do que Milão tem à oferecer de novembro à março.

A cozinha italiana outonal

O outono já deu as caras por aqui e como não poderia deixar de ser, já mudou os pratos preparados nas casas dos italianos e os menus dos restaurantes, porque nada melhor do que cozinhar (e comer) os pratos da tradição outonal.

Se você é amante da boa mesa e está por aqui nessa época, procure restaurantes que ofereçam o melhor dessa estação do ano.

Tagliolini com trufas

É o momento de comer massas preparadas com trufas, funghi, feijão, lentilhas e verduras. Carnes cozidas no vinho (como o brasato) ou não (como o bollito, preparado com verduras) que acompanham a rainha dessa estação para os italianos do Norte: a polenta!

Essa também é preparada aqui para acompanhar carne de coelho e existe a versão servida com uma carga bombástica de gorgonzola. E por falar em gorgonzola, não podemos esquecer os queijos, que nas noites frias, acompanhados de vinhos tintos e por que não, geléias, são uma ótima pedida.: parmigiano, taleggio, pecorino, stracchino, fontina… a lista de queijos aqui é interminável.

E ainda temos os frios e salames, as sopas, os risotos, os doces a base de castanhas, chocolate e marron glace…a lista é interminável.

Marron Glacè com calda de chocolate

 

 

 

 

 

 

 

Fatias de panetone com creme mascarpone

Escolha o seu prato e buon appetito!!

Moleskine City Notebook Milão

Na era dos smartphones e tablets que subistituem agendas e afins, um clássico muito analógico resiste: as cadernetas Moleskine.

Molenskine é o legendário caderninho (agenda, anotações e desenhos) dos artistas e intelectuais europeus: de Van Gogh a Picasso, de Hemingway ao escritor inglês Bruce Chatwin, que antes de partir para a Austrália comprou todos os Moleskine que conseguiu encontrar.

Produzidos por pequenas fábricas francesas que forneciam as papelarias de Paris, no final so século  passado eram praticamente impossíveis de encontrar. Em 1998, graças a um editor milanês, Moleskine finalmente voltou às prateleiras das papelarias e livrarias.

São várias versões com dimensões e páginas diferentes e, para os viajantes, a versão City Notebook.

Desde que comecei a aventura do Milão nas mãos com as minhas peregrinações pela cidade e anotações de dicas, endereços, preços e etc, comprei o meu e não me separo mais.

O City Notebook Milano (mas existem versões de várias cidades) é composto de mapa da cidadepor área, mapa do metrô, índice das ruas, conversor de medidas, 76 páginas em branco para você anotar ou desenhar tudo o que precisa, 96 páginas (com índice) para você catalogar e escrever notas pessoais de restaurantes, hotéis, bares, museus e etc. Para terminar, 32 post-it para deixar mensagens e 12 folhas de acetato para você sobrepor aos mapas e criar os seus itinerários. Ou seja, Moleskine pensou em tudo para você criar o seu guia pessoal da cidade.

O Moleskine City Notebook Milano custa 15,50 euros e é vendido nas melhores livrarias e papelarias da cidade. Eu comprei o meu na Libreria Rizzoli da Galeria Vittorio Emanuele.

Ótimo para quem vem sempre para cá ou para um presente especial.

O café na Itália

Os italianos são grandes bebedores de café. Assim como nós brasileiros é um tal de vamos tomar um cafezinho pra cá e pra lá. O café aqui se toma em pé nos balcões dos bares a qualquer hora do dia ou ao final de uma refeição nos restaurantes, mas pedir e degustar um café aqui é quase uma ciência.

Para mim o café é a melhor parceria Itália-Brasil: nós um dos maiores produtores de café de grande qualidade e os italianos grandes torrefadores e vendedores dos melhores cafezinhos.

Mas como esse é um assunto que para mim é muito “delicado” (sou uma apreciadora/bebedora incondicional de café e só tomo café expresso e de preferência de uma só marca) vou avisando que o tal do cafezinho aqui não agrada a maioria dos brasileiros.

É difícil tomar um café ruim nos milhares de bares espalhados pelo país, a média é bem alta mas a principal diferença com o cafezinho brasileiro está na torrefação e na quantidade do famoso expresso.

Se você entra em um bar e pede um “caffè normale” vai se deparar com uma xicarazinha cheia até a metade com um café cremoso e uma espuma densa por cima (melhor o café mais tempo a espuma permanece). É o café para ser tomado em um único gole e muitos italianos tomam até sem açucar.

Para os brasileiros fanáticos que não queiram se aventurar na tradição italiana a melhor coisa é pedir um “caffé lungo”. Aí sim a sua xicarazinha vai vir cheia quase até a boca, mas o café é sempre forte e cremoso.

Mas a variações vendidas nos bares são muitas e pedir um café pode ser um pouco mais complicado do que dizer apenas normale ou lungo.

Aqui algumas variedades:
-Caffè: pedido assim é o expresso, o café normale
-Caffè decaffeinato: é o café sem cafeina, descafeinado.
-Caffè ristretto: expresso muito curto, no máximo um dedo da xícara.
-Doppio: duas vezes o expresso (não confundir com o longo).
-Lungo: café expresso com um pouco mais de água.

Café lungo, normale e ristretto

-Caffè macchiato: café com uma um pouquinho de leite (“mancha”). O leite pode ser frio (macchiato freddo) ou quente (macchiato caldo).
-Caffè corretto: café com um pouquinho de grappa ou outra bebida alcoolica.
-Caffè shakerato: ideal no verão, é o café com gelo agitado na coqueteleira.
-Americano: um expresso servido em xícara grande junto com um bulê de água quente para “alongar” ou melhor, americanizar o café.
-Marrochino: café expresso com espuma cremosa de leite e por cima chocolate em pó. E sempre servido em uma xícara de vidro.

E depois ainda tem o cappuccino e o caffé latte, que não são a mesma coisa. Mas isso, já é uma outra história…

Entre em um bar, escolha a sua versão e bom café!!

As variedades