Dicas do que fazer em Turim

Turim. Está aí uma cidade pouco levada em consideração pelos turistas (ao menos os brasileiros) para uma visita e que vale realmente a pena conhecer.

A cidade foi capital diversas vezes durantes os séculos: do Ducado de Savoia no séc. 17, do Reino da Sicília e da Sardenha no séc. 18  e enfim, a primeira capital da Itália depois da união em 1861. Todo esse ar de nobreza se vê na arquitetura da cidade, feita de grandes palácios e praças imponentes, emolduradas por mais de 18km de pórticos.

Ainda que parte dos edifícios sejam pouco conservados, Turim não perde seu ar de grandeza. Para ajudar esse belo panorama, a cidade é atravessada de um lado pelo Rio Pò.

Turim dicas do que fazer

Quarta cidade italiana depois de Roma, Milão e Nápoles, Turim é também um importante polo universitário, artístico, cultural e automobilístico no país. Impossível não ligar a ela o nome da família Agnelli e a marca de automóveis FIAT.

Turim também é sede de famosos museus nacionais e foi pensando na visita a alguns deles, que depois do Natal resolvemos passar alguns dias na cidade com as meninas.  Para quem tem tempo, eu diria que a cidade vale mais que um bate e volta desde Milão e aqui ficam algumas dicas do que fazer em Turim em mais ou menos 2 dias.

A cidade fica a 150 km de Milão e é fácil chegar de carro direto pela rodovia A4 ou de trem veloz, numa viagem que leva apenas 1 hora.

O CENTRO, SUAS PRAÇAS E SEUS BARES HISTÓRICOS

Aos meus olhos, Turim é uma cidade imponente, nobre. Gostei de cara já na primeira vez que a visitei, há 2 anos atrás (e me perguntei como já tivesse passado 10 anos aqui sem cogitar uma visita). Passear pelo centro admirando as grandes construções como Palazzo Madama, Palazzo Reale e a grande Praça Vittorio Veneto, que se abre ao Pò, já é em si um ótimo programa.

Turim_Piazza_Vittorio_Veneto

É nas imediações do centro também que se vê o símbolo máximo de Turim, a Mole Antonelliana, que começou a ser construída em 1863 para ser uma sinagoga. Em 1873 a comunidade hebraica cedeu o edifício à prefeitura de Turim, que a dedicou ao rei Vittorio Emanuele II. A Mole hoje hospeda o esplêndido Museu do Cinema.

Turim é famosa na Itália pelos seus inúmeros bares-cafés, muitos deles históricos. Uma das atrações é passear parando de vez em quando para entrar nessas pérolas antigas, conservados como eram nos séculos passados. Deixo aqui o nome de alguns, onde passei dessa vez, mesmo que só com a desculpa de tomar só um cafezinho.

Baratti Milano é o café dos cafés e fica na Piazza Castello.  Fundado em 1858, é uma confeitaria e bar de alto nível, com uma decoração feita de pavimento em mármore, balcão de mogno e lustres de cristal. Impossível descrever a atmosfera, a minha dica é que você entre, nem que seja para um café em pé no balcão. Foi o que eu fiz dessa vez, já que tinha na minha lista a passagem por pelo menos mais 2 dos inúmeros cafés da cidade.

O Mulassano fica bem perto do Baratti Milano, embaixo dos mesmos pórticos de Piazza Castello. Eram 12.30 quando perdemos o tour no bondinho histórico da cidade e resolvemos esperar o próximo (1 hora depois) “almoçando” alguma coisa no histórico café.

O lugar é minúsculo, com mesas também minúsculas de mármore (são só 4 dentro) e a decoração é inteiramente Art Nouveau. Uma placa diz que em 1926 a Sra. Angela Demichelis Nebiolo inventou ali o tramezzino (sanduíches de pão de forma macio preparados com inúmeros recheios) e já que o lugar é famoso por eles, foram a nossa pedida. A nossa escolha foi: queijo e azeitonas; alcachofra com atum; presunto; radicchio, queijo de cabra e azeite de tartufo e um de lagosta. Os sanduíches são tão pequenos quanto o bar e custam como ouro (dado o tamanho), mas são realmente de qualidade. Marido também escolheu um vermuth fabricado pelo próprio bar para acompanhar os sanduíches.

Turim dicas

Depois de voltar no tempo no Mulassano, conseguimos pegar o nosso bondinho e demos uma volta pela cidade. Ele parte da Piazza Castello e cerca de 40 min depois está de volta.

Naquele mesmo dia deixamos para o lanche da tarde a iguaria mais famosa da cidade e pelo qual eu pegaria um trem a cada 2 semanas só para tomar um copo. Al Bicerin é outro dos cafés históricos que deram fama à cidade e que inventou no final do século 18, o bicerin, bebida quente feita de café, chocolate quente meio amargo e creme de leite (não confundir com chantilly). Uma delícia!

Turim dicas bicerin

Esse também é um bar minúsculo, com decoração em madeira e mármore e vive cheio. No verão eles colocam algumas mesas do lado de fora e no inverno se não tem lugar dentro, você pode fazer o seu pedido e esperar fora pela senhora que saí para servi-lo.  Nós demos sorte dessa vez e conseguimos sentar. O serviço é muito bom e educado.

Para falar sobre os cafés históricos de Turim serviria uns 3 posts. Além desses que visitei dessa vez, deixo aqui o nome de outros, cada um com sua história e particularidade, que fizeram a fama da cidade: Caffé San Carlo, Caffé Torino, Fiorio, Gatsby, Neuv Caval ‘d Brôns, Roma già Talmone, Zucca.

GASTRONOMIA

A região do Piemonte é famosa pelo boa cozinha. Alí se come bem e ponto. Diversas são as especialidades da região, como o Brasato (carne feita no vinho) e a Bagna Cauda e a tradição dos vinhos (Barollo, Dolcetto, Nebbiolo, Barbaresco) e dos chocolates não fica atrás.

Opções de restaurantes e tratorias em Turim é que não faltam, mas deixo aqui, sem me prolongar muito,  as dicas de restaurantes por onde passamos e onde comemos bem e com bom serviço: Quanto Basta e L’Acino que ficam no Quadrilátero Romano da cidade, local cheio de restaurantes e vida noturna na cidade.

Uma dica: não saia para jantar sem reservar antes. Principalmente nos finais de semana os restaurantes ficam lotados e pode ser difícil achar uma mesa.

Em uma das noites e pela proximidade com o nosso hotel, na área Lingotto (antiga fábrica da Fiat), optamos por jantar na gigantesca Eataly. O mais famoso empório gastronômico do mundo nasceu aqui, já que seu proprietário é piemontês e a loja de Turim foi a primeira a ser inaugurada em 2004.

Eataly Turim dicas

“Boxes” de massa, pizza, verduras, quejos e frios, peixe, carnes, cervejaria…rodamos uns 30 minutos para vermos tudo e decidirmos o que comer. Nós nos dividimos entre massas e carnes. Os preços não são econômicos mas em linha com restaurantes de preços médios e a qualidade é médio- alta. E para quem não resistir, existe sempre a possibilidade de se esbaldar nas comprinhas de iguarias italianas para levar para casa.

OS MUSEUS E PALÁCIOS

Além dos museus que visitamos, Turim tem vários palácios que abrem suas portas a visitação e expõe suas salas, quartos e móveis de época como o Palazzo Madama e o Palácio Reale, antiga residência da família real italiana; a Galleria Sabauda e a Armeria Reale, só para citar alguns.

Por estarmos com as meninas, decidimos visitar os museus mais interessantes da cidade para as crianças.

MUSEU DO CINEMA

O museu está entre os mais importantes do mundo pela riqueza do seu patrimônio, mas uma das coisas que o rende único é a peculiaridade do seu percurso expositivo. Inaugurado em 1958, desde 2000 o museu fica dentro da Mole Antonelliana, uma construção fascinante que é o símbolo da cidade. A nova montagem do percurso expositivo da nova sede ficou por conta do cenógrafo suíço François Confino, que pensou nos ambientes de uma maneira que estimulassem os visitantes continuamente através de materiais aúdio-visuais.

Museu cinema turim

Nós fizemos um tour individual com um guia (Fábio) ótimo, que envolveu as meninas na história do cinema desde os primórdios, através de jogos de imagens como as lanternas mágicas, caixas óticas, estereoscópios e cinematógrafos.

Difícil escrever em um post a grandiosidade do museu e os inúmeros materiais expostos, como vestiários de filmes, o telegrama que Fellini recebeu da Academia quando foi indicado ao Oscar, posters de filmes, simuladores de efeitos especiais.

Depois de uma visita espetacular e diria, cinematográfica, fechamos com chave de ouro, já que tínhamos o bilhete completo e subimos até cúpula da Molle Antonelliana com um super elevador transparente que fica no meio da construção. Lá de cima se vê Torino, suas praças e as montanhas ao redor.

MUSEU EGÍPICIO

Pode parecer repetitivo, mas está aí um grande museu de Turim e da Itália. A concepção da montagem expositiva é mais “velha” e tradicional, mas o museu é o segundo maior do mundo depois do Museu do Cairo pela importância do acervo, dedicado exclusivamente a arte egípcia.

No momento o museu passa por reformas e a finalização está prevista para 2015, já que Turim quer aproveitar o fluxo de turistas presentes em Milão para a Expo2015. Mas isso não compromete a visita.

Nós optamos por uma visita guiada em grupo, para crianças e a nossa guia, Serena, fez um percurso onde explicava as crianças os principais deuses, deusas e divindades da terra dos faraós. O grupo de crianças eram de idade heterogênea (de 5 a 10 anos), os mais velhos eram avantajados por saberem já alguma coisa (aqui, na quarta série se estuda a civilização egípcia), mas mesmo os mais novos ficaram fascinados pelas múmias de gatos e estátuas de deuses com cara de animais.

No andar de cima, uma sala expõe a Tumba de Kha, descoberta por um arqueólogo italiano no início do século 20., completamente intacta. Com isso,  junto com o sarcófago estão expostos todos os pertences encontrados dentro da grande construção, como o sarcófago da esposa de Kha (que era um arquiteto) e utensílios como vasos, pentes, escovas de cabelo e até comidas desidratadas (pães).

A visita terminou depois de 1 hora na sala das estátuas, onde esfinges e estátuas de deuses e deusas ficam expostas em sequência.

MUSEU DO AUTOMÓVEL 

Essa foi nossa última escolha antes de voltarmos para Milão. Confesso, que como mulher, pouquíssima ligada em carro e mãe de duas meninas, não estava muito entusiasmada não. Mas o museu me surpreendeu. Só depois que estava lá descobri que o percurso expositivo aqui também foi projetado pelo mesmo cenógrafo que projetou o Museu do Cinema de Turim.

São 30 salas divididas em 3 andares que mostram, em ordem cronológica desde os primeiros projetos de carros no final do século 19 até as últimas novidades, tudo de forma estimulante, em ambientes reconstruídos segundo a década representada. Vídeos que ilustram o contexto histórico, música e objetos de época completam a montagem.

museu_automovel_de_turim

Não é um museu tedioso em nenhum momento, mesmo para quem não é interessado em carros. No final da nossa viagem, o Museu do Automóvel e o do Cinema foram os preferidos das meninas.

HOSPEDAGEM

Nessa nossa segunda vez em Turim, optamos de novo por um hotel da rede espanhola NH. Há dois anos ficamos em uma unidade no centro, chamada  NH Santo Stefano. Dessa vez escolhemos o NH Lingotto, um hotel 4 estrelas que fica dentro da antiga fábrica da Fiat, hoje transformada em centro congresso, shopping, hotéis e até uma pequena Pinacoteca (da família Agnelli, fundadores e proprietários da Fiat) que visitamos na manhã de sábado.

É um pouco mais afastado do centro, mas Turim tem uma única linha de metrô bem comprida, que chega até o Lingotto e o liga com o centro em 10 minutos.

PS:. Devido ao grande número de informações sobre os museus, restaurantes e cafés e respectivos endereços e horários,  deixarei aqui a lista dos sites de todos os lugares citados no post, assim temos a certeza que as informações estarão sempre atualizadas.

Baratti Milano MulassanoAl Bicerin

Quanto Basta (restaurante) – L’Acino (restaurante)Eataly Turim

Palazzo Reale Palazzo Madama – Galleria Sabauda – Armeria Reale

Museu do Cinema (site em português) – Museu Egípcio Museu do Automóvel

NH Lingotto

Fotos: Milão das mãos e Wikicommons (vistas de Turim)

*Esse post contém link para afiliados (Booking ). Para saber sobre nossa política de monetização, clique aqui.

Passeio com o trem Bernina Express

Lago d’Iseo: um passeio pertinho de Milão

Uma ótima dica de passeio perto de Milão para quem está viajando de carro pelo Norte da Itália pode ser o pouco conhecido, mas não menos bonito, Lago d’Iseo. Em relação ao badalado Lago de Como e  de Guarda, esse é bem mais tranquilo.

O lago d’Iseo fica a 85 Km de Milão e pegando a rodovia A4 e só sair em Rovato e seguir as indicações para Iseo. Uma das melhores coisas da viagem, para mim, é que antes de chegar a Iseo, você passa pelas cidadezinhas da região da Franciacorta e na primavera a paisagem é composta por seus lindos vinhedos.

vinhedos franciacorta Italia

Durante a primavera e verão, as cidades em volta do lago atraem muitos turistas, italianos e estrangeiros, que se hospedam na região ou optam por passar um dia de sossego tendo o lago como moldura. Iseo  em si não oferece grandes opções de visitas e em pouco tempo, se você quiser, pode visitar a Pieve di Santo André. Nós optamos, depois de uma volta pela beira-lago por pegar um barco e ir almoçar em Monte Isola, que você avista no meio do lago logo quando você chega a Iseo.

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Foto: Luca Giarelli

Maior  ilha lacruste da Itália, Monte Isola é uma cidadezinha de 1.800 habitantes, bem alta, cujas principais atrações  para os turistas são: mais um pouco de passeio a pé ou de bicicleta, uma parada para um pic nic, a visita ao Santuário de Santa Maria della Ceriola , que fica em cima do monte e onde  parar chegar precisa caminhar um pouco, subindo.

Nós resolvemos só passear um pouco e não nos aventuramos nas subidas pela ilha. Na verdade, fomos até lá para almoçarmos em um dos restaurantes ilha e escolhemos o La Foresta, um restaurante muito agradável onde comemos o Coregone, um peixe de lago preparado nessa época do ano. Escolhemos preparações diferentes (ao forno e na brasa), acompanhados de uma taça de espumante Franciacorta.

laforesta-restaurante

O La Foresta não é um dos restaurante mais baratos da ilha, em quatro pessoas, com peixes, uma garrafa de espumante e sobremesas gastamos 104 euros, mas estava tudo muito bom e o serviço é muito educado. Outro restaurante famoso pela vista panorâmica do lago é o Castelo Oldofredi, que também é um hotel. A ilha oferece outras opções mais em conta e também quiosques onde comprar um sanduíche, um pedaço de pizza e sentar em um dos bancos na beira do lago para apreciar a vista e a brisa.

Iseo

A cia. de navegação do lago, promove entre junho e agosto, minis cruzeiros de 3 horasm tanto diurnos  com opção de visitas guiadas e noturnos com opção  de jantar.  Para informações, consulte o site.

Milão pelos olhos de uma viajante brasileira

Como eu já contei outras vezes, desde que comecei o Milão nas mãos, há quase 1 ano, conheci um montão de gente legal, pessoalmente e virtualmente. Uma delas (virtualmente) é a brasileira Sandra Brocksom, que vive desde 2011 em Madri com seu companheiro Paco.

Sandra também tem um blog, o Sandra B em Madrid, que ela mesma define como um blog caseiro e narcísico, que como muitos outros blogs de expatriados, nasceu como um diário de sua cotidianidade ibérica, um modo de manter contato e contar suas experiências aos caros deixados no Brasil.

No final de junho Sandra passou um final de semana em Milão com Paco e, como gosto muito do texto dela, a convidei para escrever um guest post sobre a cidade. Um olhar diferente do meu  (mas não muito) para os leitores. Boa leitura!!

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Por Sandra Brocksom

Arrisco dizer que eu, como 100% dos brasileiros, não tinha Milão como a primeira cidade que queria conhecer da Itália. Brasileiros querem ir a Toscana e suas pequenas vilas que são cenários das histórias das nonas. Acho que queremos recuperar aquela memória das centenas de famílias italianas que vieram ao Brasil.

No último final de semana de junho Milão aconteceu, um final de semana longo, um bate e volta de Madrid a Milão. Assim como 100% dos turistas brasileiros, minha grande preocupação era que Milão fosse cara demais a ponto de impossibilitar qualquer diversão. Eu acho também que Milão é muito mais cara que Madrid, que é uma das capitais européias com o custo de vida mais econômico. Explico mais, Paco e eu estamos muito acostumados a fazer atividades culturais a custo quase zero, vamos a museus nos horários gratuitos, shows free, comemos em botecos e cozinhamos muito em casa. Quando viajamos também somos assim: nada de restaurantes chiques, nem grandes compras. Queríamos adequar Milão ao nosso estilo super econômico de viagem. E deu!!

milao em bicicleta

Para conseguir submeter uma grande cidade cosmopolita ao nosso baixo orçamento, eu pesquisei bastante. Foi ai que descobri o “Milão nas mãos” que me ajudou com 80% do nosso final de semana. Os outros 20% eram direções óbvias: o Duomo e seu entorno. A sua paixão pelas ruas, pessoas e arquitetura de Milão me contagiou. Também tenho que confessar que você é responsável da minha grande frustração: eu não achei o Quadriláterio do Silêncio. Você escreveu um post maravilhoso sobre o lugar, eu tinha que vê-lo. Depois que voltei para casa, revi meus roteiros, percebi que estive muito perto e não soube vê-lo. Este é meu primeiro motivo para voltar!

Diante do seu rico material publicado, eu sabia que tinha que fazer escolhas de caminhos e também sabia que as ruas da cidade seriam nosso cenário. Você moldou o meu olhar! Eu sabia para onde tinha que olhar “Milão é uma cidade para se descobrir nos interiores, de belezas escondidas e fachadas austeras”. E por outro lado: “É uma cidade onde você tem que caminhar prestando atenção nos portões abertos de muitos palácios para ver se tem a sorte de descobrir os mais belos pátios da Itália (prometo um post sobre eles), caminhar olhando para cima, quando possível, para admirar seus jardins suspensos. Mas uma das coisas que mais adoro aqui, são essas quantidades infinitas de homens e mulheres “encostados” nas fachadas de palácios mais ou menos históricos das cidades e até das igrejas, como o Duomo. Quem são? As famosas cariátides e telamones “.

estatuas em milao

Nossa viagem também suponha um desafio: encontrar uma amiga que aterrou na cidade somente no sábado no final de tarde. Chegamos na sexta-feira de manhã e tínhamos que evitar o Duomo nas próximas horas porque queríamos explorá-lo com ela. Nós tínhamos que deixar o melhor para o final. Apesar de todas as tentações, o Duomo tem uma força atrativa como um polo magnético, conseguimos cumprir nossa auto-imposta missão de não entrar no Duomo logo nas primeiras horas.

No nosso primeiro dia, sexta-feira, eu propus a Paco uma longa caminhada que cruzasse a cidade pelo seu centro. Escolhi como ponto final Mercato di Piazza Wagner (dica do blog Turomaquia). O ponto inicial foi a estação Central onde o ônibus vindo do aeroporto de Bergamo nos deixou. Fizemos uma parada estratégica para deixar as mochilas no hotel barato e limpo perto do metrô Porta de Veneza e seguimos: Giardini Pubblici; Via Manzoni; Teatro Scala; Estátua do Leonardo; Galeria Vittorio Emanuele; Duomo; Castelo Sforzesco; Praça Cadorna; Corso Magenta; Mercato di Piazza Wagner.

bondinho-milao

Claro que não fizemos o percurso assim tão linear como no mapa. Zig-zageamos pelo Giardini Pubblici di Porta Venezia; cogitamos entrar na Galleria di Arte Moderna (um dos museus gratuitos) mas achamos arriscado ficar horas ali e perder a cidade que clamava que deveríamos seguir caminhando. Assim fomos, eu olhando para cima buscando o Quadrilátero do Silêncio que estava logo ali e não vi, e o Paco já vidrado pelos bondinhos amarelos que eu propositadamente não havia contado que em Milão também existe “tranvia”, como são chamados em espanhol. Foi muito bonito ver os olhos dele iluminados pela paixão de menino por trens e bondes. Passou o primeiro dia emocionado atrás das melhores fotos, ficamos algum tempo parados em várias esquinas esperando pelos bondinhos.

Não sei o porquê, naquela hora passamos quase reto pelo Teatro Scala e nos dedicamos a reverenciar a estátua de Leonardo Da Vinci, somos fãs do projeto “Da Vinci the genius” que leva a vários países as incríveis invenções do mestre. Como planejamos a viagem de última hora, não conseguimos entradas para ver a Santa Ceia pintada por ele. Segundo motivo para voltar a Milão.

estatua da vinci milao

Cruzamos a Galeria Vittorio Emanuele maravilhados com seu esplendor. Eu fiquei particularmente interessada nas mulheres de véu (de marca) em um alto grau de consumo. Elas em duplas ou trio com suas crianças e, às vezes, com seus maridos, entrando e saindo das lojas de alta gama da Galeria com naturalidade de quem vai comprar pão na esquina. Entendi que são elas que protagonizam o consumo.

Chegamos a piazza del Duomo! E ali creio que palavras não são suficientes, saíram muitos UAU!UAU! Seguimos em direção ao Castelo Sforzesco. Ficamos tentados em entrar no museu, mais uma vez escolhemos as ruas. Ter tempo para apreciar os museus é o meu terceiro motivo para voltar.

Deste ponto até chegar ao mercado nos perdemos muito. Rodamos as rotatórias entrando e saindo das ruas, ficamos sem qualquer sentido de direção. Já estávamos tão cansados que não tiramos fotos decentes dos magníficos balcões dos prédios que existem na região. Eu fiquei apaixonada por eles, eu imaginei tantas lindas serenatas de amor eles não inspiraram. Depois ficamos arrependidos de não ter tantas fotos e tenho meu quarto motivo para voltar.

Enfim, encontramos o mercado que foi escolhido porque fica no estremo oposto de onde esta nosso hotel. É um mercado de comida “normal e corrente” como existe tantos e em todas as cidades. Eu acho que entrar em mercado e supermercados é parada obrigatória no turismo econômico que fazemos. Demos uma volta e compramos vários pães e pizzas. Andamos até uma praça próxima e devoramos tudo. O pão de cebola estava especialmente delicioso.

Energias recuperadas, caminhamos tudo de volta até chegarmos exaustos no hotel. Por sorte havia uma pequena pizzaria, dessas que agradam estudantes “eramus” e a nós. Pizza boa, atendimento caseiro e barato.

Queria terminar contando um pequeno causo. Sábado pegamos leve com a caminhada. Começamos pelo Corso de Vezenia onde paramos um pequeno bar para nosso legítimo expresso italiano. Eu queria um “café normale”, forte. Paco queria o seu com leite, “caffè macchiato”. A dona do lugar nos deu uma aula de como apreciar um café. Paco descreveu como se toma “café com leche” na Espanha e ela taxativamente disse que isso não se faz na Itália. Ela não foi especialmente simpática e, sim, cativantemente generosa em nos explicar as diferenças.

Estas foram nossas primeiras impressiones de Milão: imponente e chique como o Duomo; firme, estrita e generosa como a dona do café; abundante com os seus balcões. No domingo tevemos outra visão da cidade, da zona boemia e acolhedora Navigli, mas isso fica para outro post.

Os parques e jardins de Milão

É bom começar avisando que Milão não pode ser considerava uma cidade verde. Não sou uma especialista no assunto e não fiquei debruçada nas estatísticas dos metros quadrados verdes da cidade, mas é só você viver aqui para se dar conta disso.

Dito isso, não quer dizer que não temos os nossos parques e jardins, maiores ou menores, mais ou menos frequentados por turistas e locais. Aliás, os parques são muito frequentado pelos milaneses, já que são a nossa praia e depois de longos e rígidos invernos, não é difícil ver a população de shorts e até biquínis tomando sol deitada nos gramados.

Também, são os melhores lugares para um pic nic com as crianças e amigos, uma pedalada ou uma corridinha. Se você estiver passando por aqui como turista, pode aproveitá-los também para uma pausa entre um passeio e outro.

Aqui, as dicas de parques em Milão mais acessíveis aos turistas:

Parco Sempione

Talvez seja o parque dos parques. Fica atrás do Castelo Sforzesco e não tem como não passar por alí. O parque era na Idade Média, o bosque particular da família Visconti, onde os duques levavam os hóspedes para caçar. Naquela época a área verde era muito maior. O parque foi reformado e se tornou público com a restruturação do castelo no século 19.

parque milao

Parque Sempione

Além da opção de sentar ou deitar para relaxar ou fazer um pic nic, alí ficam também o prédio da Triennale, que alías tem seu próprio jardim posterior, onde no verão é possível fazer um happy hour no Bar Design externo, a Torre Branca (onde você pode subir para ver Milão de cima), o Arco della Pace (O Arco do Triunfo milanês,  mandado construir por Napoleão para a entrada dele na cidade) e o Aquário Cívico  que pode ser uma boa opção para quem está com a criançada.

triennale milao

O jardim da Triennale

O parque também conta com conexão WiFi, uma área de brinquedos para crianças e, além dos quiosques- barzinhos, tem também o Bar Bianco.

Bar quiosque no parque Senpione

Bar quiosque no parque Senpione

Giardini Pubblici di Porta Venezia

O meu preferido, seja pela zona  ou porque é mais frequentado pelos locais.

Giardini Pubblici em Porta Venezia

Giardini Pubblici em Porta Venezia

O parque mudou de nome (se chama Giardini Pubblici Indro Montanelli), mas os milaneses continuam a chamá-lo assim, já que fica localizado em um dos lados da avenida monumental (Corso Venezia), acesso de entrada da família real austríaca quando eram os regentes de Milão.

Construído entre 1782 e 1786, foi o primeiro parque público da cidade e ainda hoje é muito frequentado pelos milaneses.

A fonte do Giardini Pubblici em Porta Venezia

A fonte do Giardini Pubblici em Porta Venezia

Possui 3 áreas de brinquedos para crianças, um pequeno parque de diversões com carrosel e bate-bate, laguinhos com patos e hospeda o famoso Museu de História Natural e o Planetário da cidade.

Giardino della Villa Reale

Como diz o nome, é o jardim posterior da Villa Reale, que fica ao lado dos Giardini Pubblici, e que hoje é sede da Galleria di Arte Moderna, um dos museus gratuitos da cidade e que vale uma visita.

O jardim é lindo, não muito grande, com uma pequena área de brinquedos para crianças, mas tem uma das particularidades mais estranhas da cidade: o acesso aos adultos só é consentido se estiverem acompanhados por menores de 12 anos.

O Jardim Da Villa Reale

O Jardim Da Villa Reale

Eu sempre entrei com as meninas, mas um dia juro que vou tentar entrar sozinha para ver se alguém me barra.

Parco delle Basiliche

Antigo lugar que a Inquisição usava para queimar as bruxas milanesas, mais que um parque propriamente dito, é um grande gramado que fica entre as basílicas de San Lorenzo e Sant’Eustorgio. Mas é comum ver locais deitados no gramado tomando sol e conversando.

O Parco dele Basiliche, com a Basilica de São Lourenço ao fundo

O Parco dele Basiliche, com a Basilica de São Lourenço ao fundo

Giardini della Guastalla

Outro jardim da cidade, desconhecido pelos turistas e também por alguns locais. Localizado atrás da famosa Ca’ Granda, hoje sede de algumas faculdades da Universidade Estadual, é ideal se você quer um lugar tranquilo para repousar com uma sombrinha e aproveitar a leitura de um bom livro.

Giardini della Guastalla - Foto Stefano Trezzi/Wikicommons

Giardini della Guastalla – Foto Stefano Trezzi/Wikicommons

Além desses, a cidade também conta com outros parques em zonas menos frequentadas pelos turistas como: Bosco in città, Parco Forlanini, Idroscalo e os parques de alguns bairros. Clique nos links abaixo para acessar os mapas dos parques citados.

Parco Sempione

Giardini Pubblici Indro Montanelli – Porta Venezia

Giardini della Villa Reale

Parco delle Basiliche

Giardini della Guastalla

Boscoincittà – Parco di Trenno

Parco Forlanini

Idroscalo

Fotos (onde não especificado): Milão nas mãos