Fernanda Wittgens e a Pinacoteca de Brera

Os personagens que fazem grande a história de uma cidade, são muitos e no caso de Milão não é diferente.

Mas na história recente da cidade, se destaca a figura de uma grande mulher: Fernanda Wittgens, primeira mulher a assumir a diretoria de um grande museu na Itália.

Fernanda nasce em Milão em 1903 e em 1925 se forma em História da Arte. Três anos depois, em 1928, é contratada pela Pinacoteca de Brera como uma espécie de estagiária/faz tudo. Fernanda logo se torna assistente do então diretor da Pinacoteca, Ettore Modigliani. É preparadíssima, ativíssima e incansável.

Em 1935 Modigliani é afastado da direção acusado de antifascismo. Fernanda continua a informar o seu mentor das atividades da Pinacoteca e continuando seu trabalho. Em 1938 Modigliani é preso por causa das leis raciais do governo fascista e é expulso da administração da Pinacoteca de Brera.

Em 1940 Fernanda ganha o concurso para a direção da Pinacoteca e se torna a primeira mulher a dirigir um museu na Itália.

A data nos coloca às portas dos conflitos da Segunda Guerra Mundial. Fernanda será a responsável pela salvaguarda do patrimônio de Brera, colocando a salvo, com meios improvisados, o imenso acervo da pinacoteca.

Mas Fernanda é uma mulher de grande senso cívico. Seu prestígio pessoal e sua posição privilegiada, vão permitir que ela ajude familiares, amigos, pessoas perseguidas e judeus a fugirem. Em 1944 é denunciada e condenada a quatro anos de prisão por atividade antifascista. Vai sair da cadeia só depois da liberação da Itália em 1945.

No pós-guerra Fernanda concentra todos os seus esforços na reconstrução de Brera. Depois de quatro anos de duro trabalho científico, técnico, administrativo, diplomático e político, em junho de 1950
Fernanda reinaugura Brera na presença das máximas autoridades italianas.

O trabalho dedicado de Fernanda para o melhoramento da Pinacoteca, com atividades didáticas e aquisições de novas obras de arte, continua até 1957, ano de sua morte. A sua motivação de ser presente na política do país, consistia em ter eleito como tarefa a tutela e a divulgação da arte.