Giuseppe Verdi: o amado ‘maestro’ de Milão
E já é de novo 7 dezembro em Milão. Feriado da cidade, dia de seu santo padroeiro Ambrogio, é também conhecido como o dia da estréia da temporada lírica do Teatro alla Scala.
Esse ano, fechando as comemorações do bicentenário do nascimento do grande compositor Giuseppe Verdi, na cidade conhecido como “il maestro”, a montagem será a sua famosa ópera La Traviata.
Verdi não era milanês, mas adotou a cidade e a cidade o adotou e aqui ele fez a sua fama e fortuna, doando ao Scala um período de extraordinário sucesso no século 19.
De origem humilde, filho de uma rendeira e de um dono de osteria (restaurante simples), começou tocando órgão na igreja da sua cidade natal, Busetto, em Emilia Romagna. Quando se transfere para Milão, patrocinado por um mecenate, o conservatório da cidade não o aceita por considerar seus talentos musicais escassos. Passa os próximos três anos se aperfeiçoando.
Em 1836 casa com a filha do seu mecenas, que lhe dá 2 filhos. E é aí que a biografia de Verdi começa se colorir de tons de cinza e preto: os filhos, uma menina e um menino, morrem com pouco mais de 1 ano de idade e em 1840 ele perde também a esposa.
Todos esses acontecimentos já quando o compositor tentava se firmar na constelação de músicos da cidade e de seus teatros. Depois da morte da esposa, Verdi começa uma relação amorosa com a cantora lírica Giuseppina Strepponi, com quem viverá até a morte dela, em um relacionamento permeado de infidelidades.
Até 1842 Verdi tinha escrito duas óperas que foram bem recebidas, mas sem grandes entusiasmos. Foi naquele ano que seu empresário lhe deu o libreto de Nabucco para que Verdi escrevesse a música. Deprimido, o compositor deixou-o de lado, até que dias depois o fez cair no chão e o libreto se abriu no texto Va’ Pensiero. Verdi leu o texto, que mexeu com ele. Conta a história, que naquela noite não conseguiu dormir e começou a escrever a música para a ópera que daria início ao seu triunfo!
Nabucco foi representada 64 vezes no seu primeiro ano de execução. A partir dali, Verdi compôs uma média de 1 ópera por ano, cuidando muitas vezes de vários aspectos das montagem e execuções. Em 1848, aos 34 anos, já é um compositor famoso mundialmente e suas óperas são representadas em Paris, Londres, Viena.
Além de Nabucco, Verdi compôs óperas que se nunca assistimos, conhecemos de nome, como: Macbeth, Rigoletto, Aida, La Traviata, Don Carlos, Falstaff, Otello, entre outras.
Trabalhando em estreito contato com o Teatro alla Scala, Verdi sempre procurou casas perto do renomado teatro e nos últimos anos, o maestro residiu na suíte 105 do Grand Hotel et Milan em Via Manzoni, que ainda hoje preserva intacta o belo quarto, onde Verdi faleceu depois de 6 dias de agonia, em 27 de janeiro de 1901.
O compositor era tão amado pelos milaneses que, em respeito a sua agonia, a prefeitura ordenou que Via Manzoni fosse coberta de palha e feno, para que o barulho das carruagens e dos cavalos não incomodasse “il maestro”. Seu funeral foi seguido por 100 mil pessoas e Verdi está hoje enterrado na Casa de Repouso para Músicos da cidade, construída por ele e inaugurada só depois da sua morte.
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