Maria Callas em Milão

Maria Callas em Milão era chamada “La Divina”. A famosa soprano e a cidade tiveram uma grande ligação por conta dos anos que Callas reinou nos palcos do Teatro alla Scala no auge da sua carreira.

No próximo dia 2 de dezembro (2023) se comemora 100 anos do nascimento de Maria Callas e um calendário de mostras e eventos vai celebrar a milanesa de adoção mais célebre da cidade.

Maria Callas chegou na Itália em 1947 aos 24 anos para cantar a ópera “La Gioconda” na Arena de Verona. Na cidade, ela conheceu o seu futuro (e único) marido, o italiano Giovanni Battista Meneghini, um rico industrial apaixonado por ópera, que viria ser também seu empresário.

Entre 1948 3 1950 a soprano se apresentou entre Roma e Napoli e foi só em 1951, aos 28 anos, que chegou em Milão para triunfar nas futuras temporadas do Teatro alla Scala, que a consagrou como uma das maiores sopranos do mundo da música lírica.

Maria Callas e o marido se mudaram para Milão e foram morar em uma casa em Via Buonarotti (que hoje não existe mais). Nos quase 10 anos que passou na cidade (1951-1960) a cantora passou por uma grande transformação física e encontrou personagens que seriam decisivos também na sua carreira.

O mais famoso deles foi o diretor milanês Luchino Visconti, grande amigo de Callas e que a dirigiu em várias óperas no Scala (La Vestale, Anna Bolena, La Traviata, etc) e Biki, a renomada costureira das milanesas da alta sociedade.

Com uma obsessão pela atriz de Audrey Hepburn, entre 1952 e 195 Maria Callas perdeu 36 kg e se tornou a mulher elegante que hoje vemos na maior parte das fotos. Com o novo look, “la Callas” vai se tornar também uma figura mediática, situação amplificada a partir de 1957, quando conhece o armador grego Aristoteles Onassis, por quem vai se apaixonar, se divorciando do marido 2 anos depois.

A voz de Maria Callas começou a dar sinais de cedimento já a partir de 1957 e depois de um clamoroso episódio em Roma em 1958, onde abandonou o palco depois do primeiro ato, Callas entrou também em conflito com a direção do Teatro alla Scala.

Mas o adeus ao teatro milanês e seu público será só em 3 de junho de 1962, com Medea, uma ópera que nunca mais foi representada no Scala.

Em uma entrevista (no trecho final do vídeo nesse post), Maria Callas declara que apesar de ter se apresentado em vários grandes teatros do mundo, para ela “La Scala” era o teatro lírico por excelência, colocando à disposição da produção a melhor orquestra, coro, cenógrafos etc.

A fama de Maria Callas não se deve a uma voz perfeita como a um cristal, mas a sua capacidade de interpretação dramática e teatral.

A soprano morreu em Paris em 1977, 2 meses antes de completar 54 anos.