A minha Milão

Sábado foi aniversário de uma amiga e eu na floricultura esperando a minha vez de ser atendida. Folheio uma revista que vem dentro do jornal Corriere della Sera e vou parar em uma série de entrevistas com personagens  italianos (e não) que respondem a algumas perguntas e traçam uma city map pessoal de Milão.

Começo imaginar quais seriam as minhas resposta às mesma perguntas e faço uma entrevista comigo mesma. Aqui o resultado da minha Milão pessoal, de moradora, com lugares e coisas que normalmente os turistas não conhecem.

Um símbolo

Os velhos bondinhos milaneses, com o interior original em madeira. Milão mudou muitas coisas ao longo dos anos, mas ainda bem que, pelo menos eles, resistem.

Um cantinho secreto

Milão é cheia de cantinhos secretos e quase escondidos que os milaneses esquecem que existem na correria do dia-a-dia. Meus preferidos são Villa Necchi Campiglio e o claustro da igreja de Santa Maria Delle Grazie, especialmente na primavera, quando as duas magnólias estão completamente floridas. Dois cantinhos bem perto do centro, mas quando você entra parece estar em um outra dimensão.

Uma obra-prima

Milão é cheia de obras primas que eu realmente não cansaria de ver um pouquinho todos os dias. A mais famosa da cidade e do mundo é a Santa Ceia, mas se tenho que escolher uma obra prima em Milão, seria a   Pietà Rondanini de Michelangelo, que fica  no museu do Castelo Sforzesco.

É uma obra de uma intensidade visceral para mim, onde a morte, a dor e o amor materno estão representados em dois corpos inacabados.

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Um lugar para o almoço

No centrão, Signorvino, o melhor custo benefício e ainda por cima com vista para o Duomo. Para um dos melhores bifes à milanesa da cidade, Osteria Brunello. Para um experiência gastronômica ótima com bom custo benefício, Exit.

Um happy hour

Qualquer lugar que me sirva uma taça de espumante tá valendo. O importante é o ritual e a companhia. No centro, fico com o tradicional Camparino, que fica na galleria Vittorio Emanuele.

Na primavera e verão o bar Martini em Corso Venezia ou um dos roof bar da cidade, como o do Hotel Scala ou Ceserio 7.

A área do Navigli, sempre muito movimentada, tem todo tipo de happy hour e para todos os bolsos. Um deles, que foge do esquema buffet da cidade, é o ótimo Rebelot . 

Um parque

O meu preferido é  jardim posterior da Villa Reale, mas a entrada de adultos é permitida só de acompanhados por crianças. Quando estou sem as meninas, o meu preferido é o Parco delle Basiliche, atrás da Basilica de San Lorenzo.

Um meio de transporte

Caminhar é o melhor jeito de conhecer a cidade. Eu ando muito em Milão. Quando posso, dispenso o metrô e se o tempo é apertado e a estação do ano permite, vou de bicicleta

Uma vitrine

As vitrines das lojas alternativas e descoladas pra mim são sempre as melhores. Então, Wait and See e Cavalli e Nastri.

La Rinascente também tem vitrines maravilhosas dependendo da marca que expõe.

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Uma rua, um bairro, uma igreja, um museu

Via San Maurilio é com certeza, a minha preferida. Se eu pudesse escolher um bairro para viver, sem problemas de orçamento, escolheria o chamado Quadrilátero do Silêncio, em zona Porta Venezia.

Para mi, escolher uma igreja e um museu só é quase impossível. Vou extrapolar um pouco e escolher 3 igrejas: Santa Maria dele Grazie, Santa Maria em San Satiro e San Maurizio.

Quanto aos museus: fico com a Pinatoteca de Brera, a Pinacoteca Ambrosiana, as casas museus…mas só porque não posso continuar.

Food and Shop

Se estamos falando de concentrar tudo no mesmo lugar, nada melhor do que umas comprinhas na La Rinascente e depois beliscar ou comprar alguma coisa no 7 andar, onde fica o Food Market and Restaurants. A loja Excelsior no Corso Vittorio Emanuele também oferece compras e o supermercado Eats.

A concept store 10 Corso Como também é fantástica, nem que seja só para um passeio e ou só uma paradinha no restaurante no térreo.

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Um lugar para o doce

Se você entrar em qualquer boa confeitaria-café milanês como Cova ou Bastianello,  vai ter a garantia de um cafezinho ou chá com doces e pedaços de bolo maravilhosos. Eu adoro doces, mas na maioria das vezes, de passagem pelo bar Taveggia, onde servem minha marca de café preferida, me contento de um pedaço de casca de laranja cristalizada coberta de chocolate.

Mas para indicar um lugar menos central e frequentado por locais, fico com a atmosfera e os doces do Pavè.

Um palácio ou prédio

Gosto da arquitetura mais antiga de Milão e meu palácio preferido é a Casa degli Omenoni, na rua do mesmo nome, onde 8 telamões vigiam os seus passos. Quando posso, corto caminho só para passar na frente.

Mas confesso que como paulista, adoro a Milão moderna que vem crescendo verticalmente. Além do novo arranha-céu Pelli, que já virou ponto de referência na cidade, gosto muito dos novíssimos Bosques Verticais, prédios residenciais que vão acolher a Milão mais abastada.

Uma ‘utopia’ urbana

Ver os canais da cidade de volta. O projeto de reabertura existe e mas realmente acho que seria uma coisa muito difícil de acontecer. Com certeza, a Milão cheia de canais que existiu até os anos 30, era uma outra cidade.

Acrescentando mais uma, essa possível, uma campanha de conscientização para a diminuição das pichações nos muros da cidade. Milão tem palácios lindos completamente pichados por vândalos que vem até de outras cidades europeias.

Essas eram as perguntas da entrevista que eu li. Mas vocês leitores, podem deixar nos comentários as suas próprias perguntas sobre os aspectos da cidade e  quem sabe daqui  alguns meses eu não publico uma outra…