Os vinhedos de Da Vinci em Milão
Quem conhece um pouco da vida de Leonardo Da Vinci, sabe que ele era toscano (da cidade de Vinci), morreu bem idoso na França, mas que o auge da sua vida criativa foi em Milão.
Da Vinci chegou na cidade com 30 anos. Veio “mandado” por Lorenzo Medici, senhor de Florença, ao seu aliado Ludovico Sforza, duque de Milão. Naquela época era comum a troca de artistas entre as cortes em sinal de amizade.
Mesmo assim, Da Vinci teve que mostrar a Ludovico do que era capaz. Não foi difícil. A história conta que ele se apresentou ao duque com um curriculum onde descrevia suas habilidades em 12 pontos. Caiu logo nas graças do duque e por 18 anos serviu a renomada corte dos Sforza, trabalhando como pintor, escultor, cenógrafo das festas de corte (sim, cenógrafo), projetista de armas e variados instrumentos.
Mas de tudo o que deixou e fez durante a sua vida, ainda é a Última Ceia a sua obra mais famosa. Sobre a sua história e curiosidades já falamos nesse post, mas outra curiosidade ao redor da obra e da vida de Da Vinci em Milão, é o fato de que parte do pagamento pela execução da Última Ceia, seriam alguns vinhedos dados por Ludovico a Leonardo, nos arredores da Basílica de Santa Maria delle Grazie.
Quem visita a igreja e a famosa obra do gênio toscano, nem repara em uma casa do outro lado de Corso Magenta: a chamada Casa degli Atellani. Segundo os historiadores, onde hoje é o jardim da propriedade ficavam os vinhedos de Leonardo.
O terreno foi doado a pintor no final da sua estadia em Milão. Logo depois o ducado cai nas mãos dos franceses e Leonardo abandona a cidade. Leonardo morre em 1519 e no seu testamento deixa os vinhedos a Salai, um de seus discípulos.
A Casa degli Atellani sofreu profundamente com os bombardeios da Segunda Guerra Mundial e o terreno foi praticamente soterrado embaixo dos escombros.
A primeira vez que tive a oportunidade de visitar a propriedade, foi por puro caso em 2013, quando ela estava aberta durante um Salão do Móvel. Eu sabia que ela era uma casa importante na história de Milão, mas entrei sem expectativas e me deparei com um dos jardins posteriores mais lindos da cidade. Naquela época os vinhedos não tinham ainda sido “reposicionados” no jardim.
A Casa degli Atellani é propriedade privada, mas para o período da Expo um projeto de escavações e estudos biológicos, quis repropor a posição dos vinhedos de Leonardo na sua posição original. Aberta desde maio, eu revisitei a casa (térreo) e os jardins de novo há algumas semanas, com uma visita guiada por um audioguia (disponível também em português) que explica a história da propriedade Renascentista e suas vicissitudes.
Segundo a organização, as visitas serão garantidas até o final de outubro e só serão prorrogadas caso haja uma afluência de turistas que justifique a abertura. No dia que fui, éramos um grupo grande, mas praticamente de milaneses, ainda que o local fique na frente da famosa obra do pintor e seja sinalizada com um grande cartaz.
Na parte da frente, acabei almoçando um sanduíche no pequeno restaurante montado ao lado da recepção.
Para quem quer conhecer um pouco da “Milão secreta” é visita obrigatória.
Museu Vigna di Leonardo (site)Corso Magenta, 65 De seg a dom das 9.00 às 18 Ingressos: 10 euros (inteiro) e 8 euros (reduzido: over 65 anos, e dos 6 aos 18 anos) Audioguia: incluído no preço (disponível em português, italiano, inglês, francês, espanhol, japonês, coreano, chinês, russo e alemão) Duração: cerca de 25 minutos Grupos de no máximo 25 pessoas por vez
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