Os patrimônios da Unesco na Lombardia
A Itália é o país, no mundo, que tem o maior número de cidades e monumentos declarados Patrimônio da UNESCO. São 49 no total, sendo que 45 são culturais e 4 são naturais. A esses, podemos também incluir os 4 patrimônios imateriais italianos.
Para quem viaja “colecionando” visitas a essas belezas e tradições, fica aqui uma lista dos 10 patrimônios Unesco localizados na Lombardia e que você pode visitar a partir de Milão.
1. A IGREJA DE SANTA MARIA DELLE GRAZIE COM A SANTA CEIA DE DA VINCI
Patrimônio Unesco desde 1980
Talvez um dos patrimônios mais conhecidos no mundo, não precisa de grandes apresentações. A obra-prima do gênio toscano é uma das paredes pintadas (entre 1495-98) sob ordem do duque Ludovico Sforza do refeitório do convento dos dominicados. Leia aqui a sua história.
Para mim, a Basílica de Santa Maria delle Grazie é uma das igrejas mais bonitas da cidade e vale a pena a entrada se você passar por alí em um horário que ela esteja aberta. Aconselho também uma rápida entrada no claustro para apreciar a tranquilidade a poucos passos do centro da cidade.
A visita a Santa Ceia requer reservas com grande antecedência, como já expliquei nesse post.
2. CRESPI D’ADDA
Patrimônio Unesco desde 1995
Considerado pela Unesco um exemplo excepcional de vilarejos operários, o mais completo e mais bem convervado do Sul da Europa, Crespi d’Adda fica a poucos km de Milão e da cidade de Bérgamo.
Um lugar ideal para quem viaja pelo Norte da Itália de carro e pode dar uma desviada e uma parada para conhecer um lugar de muito charme, como já contei nesse post.
O vilarejo foi fundado no final do século 19 pela família Crespi para acolher os operários e suas famílias, que trabalhavam na fábrica de tecelagem. A configuração urbanística de Crespi segue princípios geométricos, já que a estrada principal o divide em 2: de um lado a fábrica e do outro a parte residencial.
Ainda hoje, Crespi é um pequeníssimo centro habitado e, tendo eu a sorte de morar do outro lado do rio que nos separa, é onde vou correr 3 ou 4 vezes por semana.
3. ARTE RUPRESTE DA VAL CAMONICA
Patrimônio Unesco desde 1979
Primeiro patrimônio italiano na lista da Unesco, as incisões ruprestes na província de Brescia começaram a serem realizadas há 8.000 anos atrás, em época mesolítica e foram até a idade do ferro.
Elas estão presentes em cerca de 2.000 rochas em mais de 180 localidades divididas em 24 municípios e maior concentração estão nos municípios de Capo di Ponte, Ceto (Nadro), Cimbergo e Paspardo, Sonico Sellero, Darfo Boario Terme, Ossimo onde existem 8 parques acessíveis para visitas.
4. MONTE SAN GIORGIO
Patrimônio Unesco desde 2010
Um dos 4 patrimônios naturais do país, a parte italiana do Monte San Giorgio foi acrescentada há poucos anos como extensão do território suiço (patrimônio desde 2003), já que a pirâmede rochosa de 1.097 metros de altura fica entre a Lombardia e o Cantão Ticino suiço, na zona meridional do Lago de Lugano.
Além da beleza natural, a região foi inserida na lista Unesco pelo seu valor geológico (época Triassica média 245–230 milhões de anos) e pelos milhares de fósseis encontrados a partir do século 19.
5. FERROVIA RETICA DO BERNINA EXPRESS
Patrimônio Unesco desde 2008
O patrimônio é suiço, mas tomo a liberdade de incluí-lo nessa lista, já que a viagem, para quem está na Itália, começa na Lombardia, mas precisamente na cidade de Tirano e termina em St. Moritz na Suíça.
Considerado pela revista Nathional Geografic uma das 10 viagens ferroviárias mais bonitas do mundo, posso dizer que tive o prazer de fazê-la há poucos mesmo e é realmente uma experiência que vale a pena, como contei nesse post.
6. SACRI MONTI DE VARESE E OSSUCCIO
O sacri monti da Itália são grupos de capelas e outras construções realizadas entre os séculos 16 e 17, dedicados a diferentes aspectos da fé cristã. Geralmente estão integrados em um contexto paisagístico de colinas, bosques e lagos, além de conter elementos artísticos importantes como afrescos e estátuas.
As 14 capelas do Sacro Monte de Varese foram todas projetadas por um só arquiteto e fica em uma posição privilegiada no Monte Velate, que permete a visão do lago e da planice lombarda. O percurso termina no santuário de Santa Maria del Monte.
Já o Sacro Monte de Ossuccio, fica na parte ocidental do Lago de Como, possui um grandel valor paisagístico e foi as 15 capelas construídas entre 1635 e 1710, provavelmente foram realizadas sob ordem dos monges franciscanos e das famílias nobres locais.
7. CIDADES DE MÂNTUA E SABBIONETA
Patrimônio Unesco desde 2008
Confesso que a cidade de Mantova pouco conhecida dos brasileiros, é uma das cidades que mais me encantou aqui (sem falar na culinária local). Sua vizinha, a pequena Sabionetta também não deixa nada a desejar. Uma graça.
Território da potente família Gonzaga, as duas cidades foram incluídas na lista Unesco por serem um exemplo da arquitetura e da urbanistica Renascentista. Enquanto Mantova é considerada uma cidade evolutiva, ou seja, que cresceu e se alargou em bases já pré existentes, Sabbioneta é classificada como cidade fundativa, já que foi construída pelos Gongaza como cidade ideal.
Ainda hoje as duas cidades conservam essas características e também hospedam numerosas obras de artes importantes do período Renascentista. Leia sobre elas nesse post.
Em Mântua, não deixe de visitar a Basilica de Sant’Andrea, a casa do pintor Mantegna, Palazzo Te e a magnífica residência dos Gonzaga por quase 4 séculos, que é o Palazzo Ducale.
8. LONGOBARDOS NA ITÁLIA – OS LOCAIS DO PODER
Patrimônio Unesco desde 2011
Se trata de uma série de sítios de importantes construções que incluem fortes, igrejas e monastérios localizados em toda a península que testemunham a grande influência dos longobardos, que migraram do Norte da Europa e desenvolveram uma cultura bem específica na Itália entre os séculos 6 e 8.
A Lombardia possiu 2 dos 7 patrimônios longobardos: o complexo monástico de San Salvatore-Santa Giulia na província de Brescia e o Castrum de Castelseprio-Torba, na província de Varese.
A basílica de San Salvatore, situada dentro do monastério feminino de Santa Giulia, foi edificada sob ordem do rei longobrado Desiderio no ano 753. Parte do complexo hospeda o museu da cidade de Brescia.
Já o Castrum de Castelseprio-Torba é uma área arqueológica que conserva exemplos de arquitetura militar, os restos da basílica de san Giovanni Evangelista, o monásterio de Torba e a renomada igreja de Santa Maria foris portas, que como diz o nome, era localizada fora das muralhas do pequeno burgo da alta idade média.
9. SÍTIOS PALAFÍTICOS PRÉ-HISTÓRICOS AO REDOR DOS ALPES
Patrimônio Unesco desde 2011
A série de sítios se estendem nos territórios de 6 países: Suiça, Austria, França, Alemanha, Eslovênia e Itália e reunem 111 vilarejos palafíticos, compostos de restos pré históricos que vão de 5.000 a 555 a. C.
Em Itália possui 19 áreas arqueólogicas espalhadas por 5 regiões. Na Lombardia as palafítas estão presentes na província de Brescia e Varese. No lago de Varese ficam as estruturas palafíticas mais antigas já descobertas, que são do período Neolítico.
Na região do Lago de Garda (na parte de Brescia) se encontra a maior concentração de palafítas (mais de 30) situadas ao longo das margens do lago.
10. ARTE DA LUTERIA CREMONES
Patrimônio Unesco desde 2013
A palavra é pouco conhecida em português e significa a arte de fabricar instrumentos de corda que possuem caixa de ressonância (mas não teclados).
Um dos 4 patrimônios imateriais que a Itália possui, a luteria cremonesa entra nessa lista pelo valor dos seus famosos violinos, como o mundialmente conhecido Stradivari.
Ainda hoje a cidade concentra um grande número de fabricantes de violinos e violoncelos e recentemente abriu um museu dedicado ao instrumento e a sua história.
Fotos: Milão nas mãos, Corriere della Sera e Wikimedia Commons
adorei seu blog, era isso q eu queria, saber onde tem coisas lindas, nem sempre turísticas! se tiver mais pode mandar! vou pra Italia em agosto 2014.
A paisagem de Crespi d´Adda é demais! estarei de trem, mas tenho q ir até lá!
Crespi a construiu certamente antes de vir ao Brasil, certo?
Puxa, tudo tão perto e eu só conheço Cremona, Mantova e Valcamonica.
Vou correr para me atualizar.
:)
Pois è, Allan, as vezes a gente que mora perto acaba deixando sempre pra depois e conhece menos que os turistas.
Ótimo artigo. Fique com vontade de conhecer tudo!
Abraços.
Obrigada, Patricia!!
Mesmo eu que estou aqui e ainda não conheço todos eles, fico com agua na boca.
Abs