Obra extrema de Michelangelo, a Pietà Rondanini, exposta em Milão, é considerada por muitos o seu testamento espiritual, já que segundo documentos, o artista continua a trabalha-la até poucos dias antes da sua morte, na noite do dia 18 de fevereiro de 1564, deixando-a incompleta.
Michelangelo começa a trabalhar na sua última Pietà, por volta dos 78 anos, entre 1553-1555 esculpindo uma primeira versão do tema que o acompanhava desde a juventude, quando esculpiu a Pietà de São Pedro no Vaticano e mais tarde a Pietà Bandini de Florença. Episódio não presente no Evangelho, o tema da pietà, ou seja, a restituição do corpo do filho à Maria, começa a se difundir à iconografia religiosa no período medieval.
Considerada um exemplo do non finito (não terminadas) do mestre, a Pietà de Milão é em forte contraste com a versão romana, esculpida quando Michelangelo tinha apenas 22 anos. Nela, o rosto angelical de Maria é a representação do amor materno, da conformação e aceitação pela morte. Passados mais de 50 anos entre as duas obras, na Pietà de Milão Michelangelo coloca toda a carga dramática da perda de um filho, na posição dos corpos com as figuras de Maria e do filho concebidas verticalmente, dando a impressão de um retorno ao ventre ou de um abraço da morte.
Resultado de um longo processo criativo e de várias revisões, em um primeiro momento Michelangelo dá a forma geral à escultura, depois de 1555 retoma os trabalhos, dando proporções mais finas ao corpo de Cristo, em um processo de desmaterialização do mármore: rascunhos conservados nos permitem ver que a cada revisão, o corpo de Cristo é sempre menos sustentado pela mãe para se tornar parte do corpo da mãe.
Depois da morte do artista, ao longo dos séculos, a escultura passa de mãos em mãos até ser comprada em 1774 pela família Rondanini, última proprietária . Colocada à venda no pós guerra, em 1952, depois de uma coleta junto à população milanesa, a prefeitura de Milão compra a obra e a escultura de Michelangelo entra para o acervo dos Museus do Castelo Sforzesco.
Ano passado (2015) ganhou um espaço só para ela, na conhecida enfermaria espanhola, onde afrescos no teto mostram trechos do credo que diz: subiu aos céus, está sentado à direita do Deus Pai, todo poderoso.
A Pietá Rondanini é sem dúvida (junto com a Última Ceia de Da Vinci) uma das grande obras de artes a serem vistas para quem visita Milão, principalmente para quem vai passar (ou passou) por Roma e Florença e vai ver (ou já viu) as outras duas.
Para conhecer as outras duas pietàs de Michelangelo, leia os post da blogagem colaborativa com os blogs da Babi (Viva Toscana) e da Patrícia (Guia de Roma)
Guia de Roma – A (primeira) Pietà de Michelangelo
Viva Toscana – Pietà Bandini: Consolação e tormento de Michelangelo
fotos: Pietà Rondanini (Milão nas mãos)
Detalhe Pietà e desenhos (Wikicommons)
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[…] Babi, sobre as três principais, para mostrar pra você como nós nos divertimos neste país. A “Pietà Rondanini: Michelangelo em Milão” foi escrito pela Magê e a “Pietà Bandini – Consolação e Tormento de Michelangelo, […]
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[…] parte de uma blogagem coletiva sobre as Pietàs de Michelangelo Buonarroti. Leia também sobre a Pietà Rondanini com a Magê do Milão nas Mãos e a Pietà do Vaticano com a Patrícia do Guia de […]
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Gostei muito do post e da ideia de falarem conjuntamente das Pietàs do Michelangelo. Não sabia que a obra tinha sido comprada com a ajuda da população de Milão.
Adorei