As quatro casas museus de Milão

Na vasta constelação dos museus de Milão, existem 4 pérolas colocadas no gênero das casas-museus. Uma casa-museu é um museu proposto em vários tipos de habitações como castelos, villas e apartamentos e que conservam grande parte dos móveis e coleções de arte da época em que eram habitadas.

Aproveitando meus estudos sobre Milão, no verão de 2012 decidi que conheceria bem, possivelmente com visitas guiadas, todas elas. As casas museus milanesas estão organizadas em um circuito e é possível conhece-las pagando o bilhete de cada uma delas ou um bilhete único, com validade de 6 meses e que custa 15 euros (cada bilhete único custa cerca de 9 euros).

Visitar uma casa museu em Milão é como voltar no tempo e entender um pouco da vida das famílias milanesas abastadas dos séculos 19 e 20, que generosamente doaram suas coleções à cidade onde viveram e fizeram fortuna.

Eu conheci todas elas e depois disso, em ocasiões diferentes, voltei. Deixo aqui um pequeno resumo e as dicas para uma visita diferente pela cidade.

Villa Necchi Campliglio

Sem sombras de dúvida a minha preferida e isso eu já disse mais de uma vez aqui no blog, inclusive nesse post dedicado esclusivamente a ela. Foi também a que visitei mais vezes (umas 5).

A vila é uma das várias obras na cidade, do arquiteto milanês Piero Portaluppi, grande nome da arquitetura racionalista (estilo arquitetônico entre o final dos anos 20 e os anos 30) e que assinou palácios na cidade como o Arengário (sede no Museu 900), o arco de Via Savini e a sede do partido fascista em Praça San Sepolcro.

Aqui, trabalhou para uma rica família de industriais do aço, que construiram a primeira casa com piscina e quadra de tennis da cidade. Portaluppi desenhou também grande parte dos móveis da casa e aqui e alí é possível ver a sua marca registrada: o losango.

estatua-varanda-necchi

A casa era habitada pelo casal Gigina Necchi e Angelo Campiglio e pela irmã de Gigina, Neda e ainda hoje conserva nos 3 andares toda a mobília, louças, alguns quadros e até as roupas das refinadas irmãs Necchi.

Sem herdeiros, ao morrer em 2004, Gigina deixa a mansão para a FAI (Fondo Ambiente Italiano), associação que possui várias propriedades na Itália e que depois de reformá-la, a abriu ao público e restituiu a cidade uma parte da sua história contemporânea.

Os voluntários da FAI organizam visitas guiadas (em italiano e inglês) nos dias de abertura da vila. Eu, se pudesse, passaria por lá 1 vez por mês. Me acontento de vez em quando, de entrar no seu jardim com piscina (só a entrada da casa é a pagamento) e me sentar por 10 ou 15 minutos e curtir a Milão que poucos conhecem.

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Museu Boschi Di Stefano

Em um apartamento em um prédio também projetado por Piero Portaluppi, a vastíssima coleção de arte contemporânea italiana do casal Antonio Boschi e Marieda Di Stefano, grandes colecionadores que em 1973 doam tudo a prefeitura com a condição que essa abrisse um museu no apartamento.

boschi

Única das quatro casas com entrada gratuita, infelizmente é pouco conhecida até pelos próprios milaneses e pouco frequentada pelos turistas.

As paredes são tapeçadas de quadros de grandes nomes da pintura italiana do século 20, como Lucio Fontana, Sironi, Umberto Boccioni, De Chirico, passando do período futurista aos anos 50.

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Para quem gosta do período e se interessa por arte, ou para quem está hospedado pelos lados de Corso Venezia, vale a visita.

Museu Poldi Pezzoli

Localizado a poucos passos do Teatro alla Scala e da Via Montenapoleone, é a primeira casa museu da cidade, aberta em 1881, 2 anos depois da morte de seu proprietário, o nobre Gian Giacomo Poldi Pezzoli, um dos colecionadores mais iluminados do século 19 milanês.

É um dos melhores exemplos de historicismo da Europa: cada ambiente se inspira em um espeficico estilo do passado e as suas salas reunem grandes obras que vão do século 12 ao século 19, com obras de artitas como Giovanni Bellini, Bernardino Luini, Botticelli, Mantegna, Canaletto, entre outros. Mas o museu conta também com coleções de relógios, ceramicas, móveis e a sua famosa coleção de armas medievais.

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Muito danificado durante os bombardeios de 1943 durante a Segunda Guerra, o palácio perdeu quase que completemente suas decorações fixas internas e afrescos e seu interior foi completamente reformado. Mas as salas modernas não tiram a fascínio da sua grande exposição.

O museu é bem aberto as crianças e tem um audio-guia especial para elas (as meninas adoram) e promovem uma série de laboratórios infantis. Praticamente um tesouro no coração de Milão.

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Museu Bagatti Valsecchi

O andar nobre do Palácio Bagatti Valsecchi (no quadrilátero da moda) foi reformado por volta de 1880 em estilo neo renascentista para se tornar a habitação dos irmãos Fausto e Giuseppe Bagatti Valsecchi e abrigar a coleção de obras de arte colecionadas e dispostas em ambientes que recriavam o Renascimento Lombardo.

Ao contrário do Museu Poldi Pezzoli, ele não foi atingido pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial e seus ambientes são ainda os originais. Passear pelo museu é como voltar no tempo, entrando em cômodos que em pleno século 19 recriam os ambientes de cinco séculos antes, até nos utensílios usados pelas crianças como o berço e andador.

valsecchi_museu

Confesso que fui visitá-lo sabendo que se tratava de um museu de grande importancia na cidade, mas sem expectativas e fui surpreendida. Adorei!

De grande importância (como no Poldi Pezzoli) é sua coleção de armas e armaduras do século 15.

museu_milao_valsecchi

Circuito das Casas Museus de Milão (site)

Villa Nechi Campiglio
Via Mozart, 14
De terça a domingo das 10 às 18
Bilhetes: inteiro 9 euros – meio 4 euros (crianças de 4 a 14 anos)
 
Museu Boschi Di Stefano (site)
Via Jan, 15
De terça a sábado das 10 ás 18
Entrada gratuita
 
Museu Poldi Pezzoli
Via Manzoni, 12
Fechado às terças.
Abertura nos outros dias das 10 às 18
Bilhetes: inteiro  9 euros – meio 6 euros (11 a 17 anos e acima de 60 anos) – crianças até 11 anos grátis
 
Museu Bagatti Valsecchi
Via Gesù, 5
De terça a domingo das 13 ás 17.45
Fechamento todo o mês de agosto
Bilhetes: inteiro 9 euros – meio 6 euros (crianças de 6 a 14 anos e idosos acima de 65 anos)- 6 euros (todas as quartas)
 

2 respostas
  1. Irlã Andrade says:

    Olá, Mage!
    Tudo bem?
    Cada vez mais estamos consultando o seu blog. Parabéns.
    Por favor, me tire uma dúvida: Em Milão, eu e minha esposa iremos ficar hospedados na Via Enrico Annibale Butti, 9. Nesta localidade há restaurantes e supermercados?

    Responder
    • Mage Santos says:

      Ola Irlã!
      Olha, é uma zona mais afastada e residencial. Com certeza vc vai encontrar supermercados.
      Qto aos restaurantes da região, não posso te ajudar, pq não conheço bem as redondezas.

      Responder

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