Imaginem uma milanesa D.O.C, empresária de grande sucesso, conhecida mundialmente, colecionadora de arte, que um dia resolve compartilhar tudo isso com a sua cidade e pensa: quero fazer bem feito, moderno e lindo.
Acho que foi o que pensou Miuccia Prada quando decidiu dar de presente para a cidade a recém inaugurada Fondazione Prada.
Pontos para o desafio de não pensar na zona central da cidade e se estabelecer na (considerada) periferia sul de Milão, logo abaixo de Porta Romana. Mais pontos ainda por ter recuperado uma imensa ex área industrial (como fez também seu colega Armani em Zona Tortona) típica da arquitetura e história da cidade.
São 19.000mt² onde no século passado (1916) funcionava uma destilaria. O projeto do famoso arquiteto holandês Rem Khoolas, que também projeta algumas lojas Prada pelo mundo e cuida da cenografia de alguns desfiles, aproveita os espaços de diferentes tamanho e altura do complexo para compor um conjunto dinâmico e ao mesmo tempo harmonioso, que funciona.
Os espaços abertos dos pátios e o bar são acessíveis sem o pagamento do bilhete (que serve só para o acesso às mostras) fazendo do lugar um novo ponto de encontro para os milaneses.
Os espaços fechados articulados em galpões divididos em salas de diferentes tamanhos, outros deixados como espaços únicos, a já emblemática torre dourada (folheada a ouro) e subsolos hospedam as exposições permanentes e temporárias das obras de arte Sra. Prada e seu marido.
A coleção do casal é imensa e cheguei a perguntar para uma das monitoras onde estava tudo isso antes da fundação ser aberta: “Em depósitos”, ela respondeu. A coleção é predominantemente de arte contemporânea, algumas tão conceituais que mesmo com a explicação dos monitores (que vestem um uniforme Prada não tão bonito) são difíceis de entender. Mas no todo, funciona.
Lucio Fontana, Yves Klein, Louise Bourgeois, Roy Lichtenstein, Piero Manzoni, Michelangelo Pistoletto, são só alguns nomes dos artistas com obras expostas na fundação. Dada as dimensões da coleção, as obras serão expostas em rotação nos espaços dedicados às mostras temporárias.
Tudo isso ainda é coroado por um cinema com 200 lugares e com entrada grátis, onde serão exibidos ciclos dedicados a grandes diretores do cinema mundial (eles começaram com Polanski) e pelo também já icônico Bar Luce, que teve a decoração projetada pelo excêntrico diretor de cinema Wes Anderson e propõe uma revisitação dos bares milaneses na década de 50, com direito a juke box e flipper.
No momento, uma outra grande torre, que terá 9 andares de alturas diferentes está sendo construída (previsão de abertura jan 2016) e vai hospedar outras salas para exposições, uma sala conferência e um restaurante no teto.
Com certeza o lugar vai virar um ponto de referência cultural na cidade. Que seja para visitá-la por completo ou só passar para conhecer o espaço e tomar um café, inclua a Fundação Prada na sua próxima passagem por Milão.
A Fundação Prada também tem um espaço dedicado à fotografia na Galeria Vittorio Emanuele, o Osservatorio, da qual falei nesse post.
Fundação Prada (site)
Largo Isarco, 2
De dom a quin das 11 às 19
Sexta e sábado das 11 às 22
Fechada às terças
Ingressos: 10 euros (o ingresso é válido por 7 dias para visitar o Osservatorio na Galleria Vittorio Emanuele)
Grátis até os 18 anos e acima de 65 anos
Como chegar: M3 Lodi (linha amarela) e depois cerca de 10min a pé
Ônibus 79: descer no Largo Isarco