Quem acompanha o blog ou até quem só leu 2 ou 3 posts, já percebeu o quanto eu goste de Milão. Mas isso não quer dizer que eu não veja os seus pontos negativos e não tenha a minha lista de nãos e implicancias com a cidade.
Pensei muito antes de escrever esse posts, porque como Milão também é o meu produto, já que trabalho como acompanhante turística aqui, fazendo passeios a pé pela cidade, achei que pudesse ser como um tiro no pé eu mesma apontar o lado negativo da cidade.
Mas a minha proposta sempre foi passar aqui a minha visão da cidade e acho que esse lado crítico e objetivo não pode faltar. Milão, aos olhos dos brasileiros, é uma cidade pequena (1.300.000 habitantes) mas nem por isso deixa de ter seus problemas mais ou menos importantes e que afetem mais ou menos turistas e locais.
Aqui, deixo só alguns deles, os que podem afetar mais os turistas direta ou indiretamente. Vamos lá!
Pichação
Milão é uma cidade pichada e isso chama a atenção dos turistas brasileiros, que talvez esperem encontrar aqui uma Europa idealizada. Eu, sinceramente, não a acho mais pichada do que a minha cidade no Brasil (eu sou de SP e vou falar só dela) mas mesmo assim, isso me incomoda.
Aqui é um problema bem frequente, nos muros e nos trens, já que existem grupos de pichadores europeus que vem para cá (e talvez também para outras cidades européias) e se desafiam em pichar isso ou aquilo.
Ano passado, um trem novo da metrô que não tinha nem entrado em circulação foi pichado dentro da garagem, na madrugada. Os funcionários da empresa de transporte alegam que são em poucos para a vigilância e que existe o problema da segurança: eles tem medo de enfrentar os pichadores, que muitas vezes estão armados.
Esse ano foi a vez do recém inaugurado mercado municipal da Zona Darsena, que faz parte do projeto de reurbanização da cidade para Expo2015. Uma semana depois da inauguração, já estava pichado.
Digamos que a prefeitura não dá o melhor de si na prevenção, combate e vigilância e a maioria dos estabelecimentos e casas pichadas, cansados de arcarem com as despesas das limpezas, preferem deixar as suas fachadas pichadas do que sofrer outros ataques.
Falta de informações turísticas
Essa era uma sensação que eu já tinha antes mesmo de trabalhar com turismo. Milão cresceu muito turisticamente desde que as cias. áereas low cost começaram a trazer milhares de europeus para cá e melhorou em alguns aspectos, mas tem ainda que dar passos de gigantes, como dizemos aqui, para ser uma cidade voltada para o turista.
Na maioria das cidades italianas os monumentos turísticos são sinalizados com placas marrons, que indicam a direção do tal momumento. Procure uma dessas placas em Milão.
Por exemplo: geralmente se estou na Praça Duomo e tenho que ir a Última Ceia de Leonardo da Vinci na igreja de Santa Maria delle Grazie, eu vou a pé. Mas eu sei que isso é possível, que é fácil e nem tão longe.
O turista que não conhece a cidade e não tem um mapa nas mãos, não sabe o que fazer, porque não existe uma sinalização que te indique que caminho fazer para chegar da Praça Duomo a Última Ceia.
E esse é só um exemplo. Eu poderia elencar pelos menos uns vinte.
Se alguma coisa vai mudar em vista da Expo? Sinceramente acho que não, porque não vejo nada de novo sendo instalado. Mas se tratatando da Itália, eu não me surpreenderia se alguma coisa fosse feita 1 semana antes do ínicio do evento.
Ah, uma coisa foi melhorada: o ponto de informação turística agora fica dentro da Galeria Vittorio Emanuele.
Batedores de carteira no metrô
Digamos que essa deve ser a única grande preocupação do turista em termos de roubo. Milão não é uma cidade perigosa, e aqui podemos tranquilamente andar pelas ruas do centro depois das 22h sem olhar para trás.
O verdadeiro problema está nas gangs de adoslecentes que agem nas plataformas de algumas estações. Já falei desse problema nesse post.
Atenção também aos ciganos que ficam ao lado das máquinas automáticas de vendas de bilhetes, oferecendo ajuda para comprar tickets do metrô.
Não entendo porque, mesmo eles estando dentro das estações, a empresa de transporte e polícia não “podem” fazer nada.
Vendedores de pulseirinhas
Outra praga da cidade são os “presenteadores” das míseras pulseirinhas que se espalham pela Praça Duomo e imediações do Castelo e insistem em dar uma de presente, já colocando-a no seu pulso.
De presente aquilo não tem nada e logo depois eles começam a insistência de receber alguns trocados pelo presente.
Diga grazie, olhe firme para frente e fuja dessa roubada.
A ‘simpatia’ dos milaneses
Ainda não descobri se as coisas melhoraram um pouco (no comércio, principalmente) ou se sou eu que, depois de 13 anos aqui, criei uma auto-defesa ou me tornei um poquinho como eles. Fato está que o milanês ou quem está nessa cidade há muito tempo e aqui vive e trabalha, não primam pela simpatia.
Muitos são (ainda bem!!) educados, mas o quanto basta e nada de sorrisos. Comportamento que você encontra nas lojas, restaurantes, museus e outros vários lugares (que por exemplo, eu frequento como local).
Nesse quesito a cidade também tem que dar passos gigantescos.