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Os parques e jardins de Milão

É bom começar avisando que Milão não pode ser considerava uma cidade verde. Não sou uma especialista no assunto e não fiquei debruçada nas estatísticas dos metros quadrados verdes da cidade, mas é só você viver aqui para se dar conta disso.

Dito isso, não quer dizer que não temos os nossos parques e jardins, maiores ou menores, mais ou menos frequentados por turistas e locais. Aliás, os parques são muito frequentado pelos milaneses, já que são a nossa praia e depois de longos e rígidos invernos, não é difícil ver a população de shorts e até biquínis tomando sol deitada nos gramados.

Também, são os melhores lugares para um pic nic com as crianças e amigos, uma pedalada ou uma corridinha. Se você estiver passando por aqui como turista, pode aproveitá-los também para uma pausa entre um passeio e outro.

Aqui, as dicas de parques em Milão mais acessíveis aos turistas:

Parco Sempione

Talvez seja o parque dos parques. Fica atrás do Castelo Sforzesco e não tem como não passar por alí. O parque era na Idade Média, o bosque particular da família Visconti, onde os duques levavam os hóspedes para caçar. Naquela época a área verde era muito maior. O parque foi reformado e se tornou público com a restruturação do castelo no século 19.

parque milao

Parque Sempione

Além da opção de sentar ou deitar para relaxar ou fazer um pic nic, alí ficam também o prédio da Triennale, que alías tem seu próprio jardim posterior, onde no verão é possível fazer um happy hour no Bar Design externo, a Torre Branca (onde você pode subir para ver Milão de cima), o Arco della Pace (O Arco do Triunfo milanês,  mandado construir por Napoleão para a entrada dele na cidade) e o Aquário Cívico  que pode ser uma boa opção para quem está com a criançada.

triennale milao

O jardim da Triennale

O parque também conta com conexão WiFi, uma área de brinquedos para crianças e, além dos quiosques- barzinhos, tem também o Bar Bianco.

Bar quiosque no parque Senpione

Bar quiosque no parque Senpione

Giardini Pubblici di Porta Venezia

O meu preferido, seja pela zona  ou porque é mais frequentado pelos locais.

Giardini Pubblici em Porta Venezia

Giardini Pubblici em Porta Venezia

O parque mudou de nome (se chama Giardini Pubblici Indro Montanelli), mas os milaneses continuam a chamá-lo assim, já que fica localizado em um dos lados da avenida monumental (Corso Venezia), acesso de entrada da família real austríaca quando eram os regentes de Milão.

Construído entre 1782 e 1786, foi o primeiro parque público da cidade e ainda hoje é muito frequentado pelos milaneses.

A fonte do Giardini Pubblici em Porta Venezia

A fonte do Giardini Pubblici em Porta Venezia

Possui 3 áreas de brinquedos para crianças, um pequeno parque de diversões com carrosel e bate-bate, laguinhos com patos e hospeda o famoso Museu de História Natural e o Planetário da cidade.

Giardino della Villa Reale

Como diz o nome, é o jardim posterior da Villa Reale, que fica ao lado dos Giardini Pubblici, e que hoje é sede da Galleria di Arte Moderna, um dos museus gratuitos da cidade e que vale uma visita.

O jardim é lindo, não muito grande, com uma pequena área de brinquedos para crianças, mas tem uma das particularidades mais estranhas da cidade: o acesso aos adultos só é consentido se estiverem acompanhados por menores de 12 anos.

O Jardim Da Villa Reale

O Jardim Da Villa Reale

Eu sempre entrei com as meninas, mas um dia juro que vou tentar entrar sozinha para ver se alguém me barra.

Parco delle Basiliche

Antigo lugar que a Inquisição usava para queimar as bruxas milanesas, mais que um parque propriamente dito, é um grande gramado que fica entre as basílicas de San Lorenzo e Sant’Eustorgio. Mas é comum ver locais deitados no gramado tomando sol e conversando.

O Parco dele Basiliche, com a Basilica de São Lourenço ao fundo

O Parco dele Basiliche, com a Basilica de São Lourenço ao fundo

Giardini della Guastalla

Outro jardim da cidade, desconhecido pelos turistas e também por alguns locais. Localizado atrás da famosa Ca’ Granda, hoje sede de algumas faculdades da Universidade Estadual, é ideal se você quer um lugar tranquilo para repousar com uma sombrinha e aproveitar a leitura de um bom livro.

Giardini della Guastalla - Foto Stefano Trezzi/Wikicommons

Giardini della Guastalla – Foto Stefano Trezzi/Wikicommons

Além desses, a cidade também conta com outros parques em zonas menos frequentadas pelos turistas como: Bosco in città, Parco Forlanini, Idroscalo e os parques de alguns bairros. Clique nos links abaixo para acessar os mapas dos parques citados.

Parco Sempione

Giardini Pubblici Indro Montanelli – Porta Venezia

Giardini della Villa Reale

Parco delle Basiliche

Giardini della Guastalla

Boscoincittà – Parco di Trenno

Parco Forlanini

Idroscalo

Fotos (onde não especificado): Milão nas mãos

Os pátios e jardins secretos de Milão

O evento milanês “Cortili Aperti”, que quer dizer pátios abertos, acontece todos os anos na primavera e é um dos meus eventos favoritos na cidade.

Ele é organizado por uma associação que administra as casas histórica do país e uma vez por ano, aqui em Milão, abre as casas e palácios à visitação, permitindo a entrada aos pátios e jardins posteriores que muitas vezes não são acessíveis aos milaneses, por se tratarem de residências privadas.

O que tem de tão especial em um evento como esse?

Digamos que atrás da austera arquitetura dos palácios milaneses, se escondem cenários de belezas às vezes impensáveis para uma cidade como essa. Até o início do século 20, com o advento do estilo arquitetônico liberty, o costume de ostentar a riqueza nas fachadas das casas, não existia. Os ricos e nobres eram poucos e todos sabiam quem eram. Com isso, toda a concentração de embelezamento das residências eram situadas na parte interna, em forma de pátios ou na parte posterior, em forma de jardins.

Com isso, Milão é repleta de palácios nas áreas do Quadrilátero da Moda, Via Senato, Corso di Porta Venezia, Corso Magenta com fachadas anônimas e recheados de belezas. Tem quem diga que os pátios serviam para estacionar as carruagens dos nobres e burgueses, por isso também quase sempre os portões são bem largos.

casa atellani milao

Fachada da Casa degli Atellani

Em abril desse ano, eu tive uma belíssima surpresa durante o Fuori Salone, quando passando pelo Corso Magenta, uma casa de origem renascentista a Casa degli Attelani, hoje de propriedade privada, estava aberta com uma exposição. Entrei para ver o pátio interno, que não é particularmente bonito, mas de relevância histórica. A exposição era dentro de uma das salas e eu entrei e atravessei um pequeno hall. Meus olhos não acreditaram quando eu ví o imenso e maravilhoso jardim atrás. Eu não sabia da existência dele, nunca tinha ouvido falar.

jardim atellani milao

O jardim posterior da Casa degli Atellani

Como o tal palácio fica na frente da Santa Ceia, diz a lenda que Leonardo Da Vinci tivesse recebido como pagamento um pedaço de terreno com vinhedos alí por aqueles lados.

Ano passado, o evento Cortili Aperti foi concentrado na área do Quadrilátero da Moda, abrindo pátios em Via Manzoni, Montenapoleone, Via Santo Spirito, Via Borgospesso.

O austéro Palácio Borromeo d'Adda

O austero Palácio Borromeo d’Adda

patios milao

Pátio do Palácio Borromeo d’Adda

jardim Milão

Jardim do Palácio Borromeo d’Adda

Esse ano será tudo concentrado na mais famosa avenida do século 18, Corso Venezia, onde a nobreza da corte austríaca, que então governava Milão, construiu suas residências.

Os pátios dos palácios de Milão, são para mim, umas das pérolas dessa cidade junto com os claustros das igrejas milanesas, mas isso é assunto para um outro post.

 

Eventos gastronômicos em Milão

Na segunda metade do mês de maio, Milão vai se trasformar na capital da gastronomia acéssivel a todos, graças a dois grandes eventos na cidade.

O primeiro é a Milano Food Week, que na verdade serão 9 dias (de 17 a 25 de maio) nos quais a cidade hospeda a 5° edição desse evento democrático com mais de 150 propostas das mais variadas: show cooking, degustações, lançamentos de livros, laboratórios organizados em cozinhas temporárias espalhadas pela cidade.

Milao food week

O evento é organizado pela grupo Milano Food Lovers, Food Tank e a Prefeitura de Milão. No calendário, não poderia falar o Revolution Day, promovido pela Jamie Olivier Food Foundation, que sensibiliza do público na educação alimentar.

A inscrição é gratuíta no site e para alguns eventos é necessária a reserva. A carteirinha pode ser retirada na Praça San Babila, quartel general do Milano Food Week.

Cinco dias de folga e merecido jejum e no dia 30 de maio começa na cidade o famoso e esperadíssimo Taste of Milano (até 2 de junho).

Na sua 4° edição, esse ano o evento se concentra na badalada área industrial de Tortona, onde o Superstudio Più vai abrigar 14 restaurantes (10 de Milão e 4 escolhidos pela associação Jeunes Restaurateurs D’Europe) e seus respectivos chefs por quatro dias.

taste of milano Milao

Como funciona? Você pode comprar um dos ingressos gourmet (55 ou 39 euros) que dão direito a um cárdapio fixo ou optar pelo pagamento do ingresso (16, 50 euros) e rodar pelos restaurantes para provar um dos 36 pratos propostos com custos que variam de 4 à 6 euros.

Milao Taste of Milano

O evento também conta com uma programação de show cooking, masterclasses, degustações, blind taste e os mais variados workshops, além de produtos da tradição gastrônomica italiana que estarão à venda durante o final de semana do evento.

Se você estiver em Milão nesse período, só vai ficar com fome se quiser.

Fotos: Divulgação

O Castelo Sforzesco de Milão

O Castelo Sforzesco de Milão faz parte das metas clássicas dos turistas e se encontra na extremidade da grande área de pedestres do centro da cidade.

Ele tem origem em 1360/1370 quando em Milão reinava a família Visconti. Depois de acontecimentos alternados, entre eles uma destruição, o castelo foi ampliado e assumiu a forma atual durante os últimos 20 anos do século 15, quando Milão era já um ducado e governado por Ludovico il Moro (membro da família Sforza, de onde o castelo pega o nome). Milão naquela época era cheia de obras: canalizaçoes, plantações de arroz, seda e fortificações.

 

castelo de milao

A corte milanesa naqueles anos era esplêndida, no ápice do Renascimento, repleta de festas e banquetes, música e bailes. Frequentada por poetas e artista, entre eles Donato Bramante e Leonardo da Vinci, que em Milão deixou uma marca incancelável, pintando a Santa Ceia, encomendada  próprio por Ludovico Il Moro.

Com a queda do ducado sforzesco e a invasão dos franceses, decaiu também o castelo, que foi utilizado nos séculos sucessivos e com várias transformações, só para funções essencialmente militares.

castelo-milao

A estrutura que vemos hoje é resultado de restaurações do final do século 19 e ínicio do século 20, que tentaram reformar o castelo nas formas que ele tinha durante o seu  máximo  esplendor nos anos do período sforzesco. O Castelo foi restituído à cidade e destinado a acolher museus e bibliotecas, assumindo a função cultural e pública que ainda hoje o caracterizam.

Com isso, podemos dizer que o castelo é um museu de museus: entre coleções, museus, bibliotecas e arquivos, hospeda 14 instituições que contém obras de peculiar preciosidade. Para visitar tudo, precisaria de dias. Próprio por isso, segundo a vontade e tempo, se pode decidir de não visitar nenhuma: o castelo vale uma visita só para se refrescar com os jatos da fonte que fica na entrada, admirar a sua estrutura esterna, os pátios internos e depois ir descansar no Parque Sempione, que fica atrás da fortificação.

fonte castelo de milao

Mas os turistas interessados em arte não se deixam escaparr a oportunidade de uma visita aos seus inúmeros museus. O mais famoso e frequentado é o Museu de Arte Antiga, situado na Corte Ducal. É alí, que se pode admirar uma das poucas obras que Da Vinci deixou em Milão, além da Santa Ceia: a Sala delle Asse.

A escultura Pietà Rondanini, de Michelangelo, que ficava exposta no Museu de Arte Antiga, agora está em um lugar só para ela, dentro da Enfermaria Espanhola da Praça das Armas (o bilhete é separado).

O museu também vale como dica de programa para a criançada em Milão, já que abriga uma coleção de armaduras e armas da Milão do século 13 e 14.

A parte superior da corte hospeda o Museu do Móvel  e a sua nova montagem apresenta uma interessante combinação entre design moderno e móveis de época. É alí também que fica a Pinacoteca do castelo que expõe quadros do século 13 ao século 16, de artistas ativos em Milão e na região da Lombardia.

Nos subterrâneos ficam os pequenos museus da Pré-História e Egito,  interessante para quem quer visitar sarcófagos e múmias.

O castelo abriga ainda o Museu das Artes Decorativas, que documenta o trabalho de  ourives, entalhadores, ceramistas e tecelões entre o ano 1000 e 1700 e o Museu dos Instrumentos Musicais, uma das coleções mais importantes da Europa e que abriga peças únicas à nível mundial.

museu do movel castelo milao

Apesar da montagem das exposições em alguns museus sentirem o peso da idade e precisarem de uma renovada, eu aconselho muito uma visita à alguns deles, já que eles são uma das coisas que essa cidade tem de melhor como história e cultura. O custo do bilhete é baixo e vale para a visita à todos os museus do complexo.

Fotos: Milão nas mãos e WikiCommons

OBS: Post atualizado em 11/05/2015

Castelo Sforzesco
Piazza Castello, 3
aberto todos os dias para visitas das 7 às 19.30
 
Pietà Rondanini – Praça das Armas (Castelo Sforzesco)
De terça a domingo das 9h às 17.30h (última entrada às 17h)
Bilheterias abertas até as 16h30
Bilhete Inteiro: 5 euros – Meia entrada: 3 euros (para maiores de 65 anos com documento)
 
Os museus do Castelo Sforzesco

De terça a domingo das 9h às 17.30h (última entrada às 17h)
Bilheterias abertas até as 16h30

Bilhete Inteiro: 5 euros – Meia entrada: 3 euros (para maiores de 65 anos com documento)

 
Grátis: menores de 18 anos –  às 1° e 3° terças-feiras do mês depois das 14h e todo 1° domingo do mês
 
OBS: o bilhete de 5 euros dá direito a todos os museus do castelo e a Pietà Rondanini 
 
 

Gallerie d’Italia-Piazza Scala

Em uma manhã de domingo de junho tive o prazer de seguir a iniciativa anual dos Cortili Aperti (Pátios Abertos) organizada pela Associoazione Dimore Storiche Italiane que acontece só durante um dia no ano.
Esse ano foram 14 pátios concentrados no centro da cidade e entre eles o recém aberto Gallerie d’Italia – Piazza Scala. Um museu encravado entre as ruas da moda.

museus milao
Nesse magnífico espaço da Milão neoclássica muito bem conservado, a iniciativa privada (bancos) colocou a disposição uma rica coleção de arte e realizou um espaço expositivo de seções temáticas que reúne obras lombardas de grande significado histórico do século 19 e 20.
As coleções são divididas entre século 19 a chamada “Da Canova a Boccioni” e reúne quase 200 obras divididas em 13 seções distribuídas em 23 salas  do Palazzo Anguissola e o Canteiro 900, que reúne as obras do século 20 no magnífico Palazzo Brentani, antigamente sede do Banca Commerciale Italiana. Só os palácios, já valeriam a visita.

gallerie ditalia mlao museus

A entrada é em Piazza Scala e a visita começa, estranhamente, de trás para frente, já que alí fica toda a coleção do século 20. Obras de Lucio Fontana, Piero Manzoni e outros grandes artistas italianos do século passado, enchem as salas. Atravessando um pequeno corredor, superando a cafeteria e chegando no espaço que liga os dois palácios, não deixe de admirar no pátio interno uma das esculturas disco de Arnaldo Pomodoro. No Palazzo Anguissola a visita começa com os belíssimos gessos em relevo de Antonio Canova (são 13 ao todo), passando depois  pelas pinturas de Hayez e por quadros que retratam a paisagem de Milão e do territorio lombardo. A exposição se conclui com as obras do início do século 20 do futurista Umberto Boccioni.

mseu milao gallerie italia

A Gallerie d’Itália se tornou, nesse pouco tempo desde a sua abertura, uma referência e uma bela realidade cultural para a cidade. Eu aconselho todos que passam pela cidade a dar uma entrada e apreciar um pouco de arte e beleza arquitetônica.

O museu possui também uma livraria e um agradável café-restaurante com uma entrada independente, na esquina da praça. Entre uma comprinha e outra, fica ai a dica.

Galleria d’Italia – Piazza Scala
Piazza Scala, 6
De terça a domingo das 9.30 às 19.30
Quinta até às 22.30
Ingresso: 5 euros (inteiro) – 3 euros (meia)
Durante as mostras especiais: 10 euros (inteiro) – 8 euros (meia)