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A mostra de Modigliani e a história das cabeças falsas

Foi inaugurada na semana passada no Palazzo Reale a mostra Modigliani, Soutine e os artistas malditos. A coleção Netter: mais de 120 obras de Modigliani, Soutine, Utrillo, Suzanne Valadon, Kisling e muitos outros artistas judeus ativos na Paris boêmia no ínicio do século 20, reunidas por Jonas Netter, caçador de talentos e colecionista.

Quadro Mostra Modigliani Milao

A obra Elvire com gola branca

Essa belíssima mostra nos dá a oportunidade de recordar o que aconteceu há quase 30 anos em Livorno (Toscana), cidade natal de Modigliani.

A história das falsas cabeças atribuídas a Modigliani encontradas nas valas livornesas em 1984 foi contata de muitas maneiras e com grande ênfase pela mídia que, no acontecimento, desempenhou um papel fundamental desde o início.

Descoberta obras modigliani livorno

A descoberta das esculturas em 1984

Durante a mostra celebrativa do centenário do nascimento de Amedeo Modigliani, na Vala Real de Livorno foram encontradas três cabeças esculpidas que muitos críticos e estudiosos de arte não exitaram em atribuir a Modigliani. A tese era de que o artista tivesse jogado as esculturas, inacabadas, porque não estava satisfeito com o próprio trabalho. Acolhida por todos os envolvidos como uma descoberta fantástica, a notícia se espalhou por todo o mundo até o momento que se descobriu que era tudo uma piada: uma brincadeira bem pensada de um grupo de estudantes livorneses, que tinham esculpido uma das três testas em uma noite, em uma garagem e usando ferramentas como uma furadeira Black  & Decker (marca que utilizou o acontecimento como publicidade).

Inicialmente os críticos não acreditaram na versão dos três rapazes e os acusaram de serem mitomaníacos. Os três foram obrigados a realizar novamente, ao vivo em um canal TV, a mesma escultura para colocar fim as dúvidas.

Os estudantes autores da brincadeira

As outras duas cabeças encontradas foram esculpidas por um artista que queria desmistificar os mitos construídos pela sociedade de consumo. A brincadeira é uma das mais famosas e bem sucedidas já realizadas no país e nos faz interrogar sobre a arte, os valores atribuídos às operas de artistas famosos e à potência dos meios de comunicação. Se os três estudantes não tivessem “se entregado” , hoje as três cabeças estariam expostas em algum museu com sistema de segurança moderno e valeriam milhares de euro.

 

Modigliani Soutine e gli artisti maledetti. La collezione Netter
Palazzo Reale – Praça Duomo
De 21 de fevereiro a 8 de setembro 2013
Segundas: 14.30-19.30
De Terça a Domingo: 9.30-19.30
Quinta e Sábado: 9.30-22.30
Ingressos: 11 e 9,50 euros

O estádio de San Siro

San Siro em 1926

É difícil de acreditar mas é  o estádio de San Siro na fotografia acima.

A inauguração do estádio, construído pelo então presidente do Milan, Piero Pirelli (sim, o dos pneus) aconteceu em 1926. De propriedade da prefeitura e pensado para receber os jogos “em casa” do Milan, o estádio foi utilizado também pelo Inter só a partir de 1947. O nome original do estádio deriva do bairro onde fica. Desde 1980 é chamado Estádio Giuseppe Meazza, em homenagem do falecido jogador do Inter e 2 vezes campeão do mundo. 30 anos depois o nome mais usado é ainda San Siro.

O estádio foi várias vezes remodernado e ampliado com a construção do segundo anel em 1956: em volta ao corpo do estádio que já existia foi acrescentada(externamente) uma estrutura helicoidal ao antigo estádio, onde foram construídas as novas arquibancadas.

O estádio de San Siro com apenas 2 anéis

Para a Copa do Mundo de 1990, foi construído um terceiro anel e a cobertura de todos os assentos. Mais uma vez o estádio foi concebido como uma caixa sobreposta à estrutura anterior. Uma espécie de matrioska que contém, um dentro do outro, os estádios antigos, característica quase única no mundo dos esportes e exemplo de reutilização do que já existia, técnica de que Milão é mestre desde os tempos antigos.

Hoje San Siro é o estádio de maior capacidade da Itália, com mais de 80.000 lugares e uma das construções mais famosas e prestigiadas do mundo (tanto que foi chamado A Scala do Futebol). Além de jogos de futebol hospeda também shows e outras manifestações.

San Siro hoje

Para o turista estrangeiro o acesso ao estádio durante os jogos de futebol é possível nos lugares onde não é necessário a ‘tessera del tifoso’ (carteirinha do clube). Tenho alguns clientes que usaram o site de compras de bilhetes Viagogopara comprar ingressos para os jogos  e tudo correu bem, com entrega no hotel. Mas atenção, compre os ingressos onde está escrito que não é necessária a carteirinha.

Uma outra dica para conhecer o estádio é uma visita ao Museu San Siro, que inclui um tour guiado que conta a história do Milan e Inter através de uma coleção de copas, troféus, chuteiras e lembranças de todos os tipos. As camisas históricas de Rivera e Mazzola, mas também de Pelé e Maradona lembram os grandes feitos esportivos que fazem parte das lendas do futebol mundial.

Depois da visita ao museu é possível entrar no estádio para apreciar a originalidade de uma das estruturas esportivas mais bonitas do mundo. Os grupos são conduzidos ao interior de San Siro, percorrendo as arquibancadas, camarotes, sala de entrevistas e os vestiários dos jogadores.

O interior do estádio de San Siro

O Museu abre todos os dias das 10 às 17, em dia que não são previstos jogos e outras manifestações. Consulte site para informações. Os tours guiados saem a cada 20 minutos e são feitos em várias línguas.

Como chegar: em dias de jogos o acesso ao estádio de carro não é possível. A melhor maneira é usar o metrô MM5 (linha lilás) e descer na Estação San Siro

Estádio San Siro
Via dei Piccolomini, 5 
entrada pelo portão 14
Ingressos Museu e tour guiado 13 euros (grátis para menores de 6 anos)
 
Fotos: internet

As mostras de arte em Milão em 2013

Depois do imenso sucesso da mostra de Picasso em Milão, no Palazzo Reale, com uma média de 4.500 visitadores nos dias de maior afluência, a cidade se prepara para o calendrário das mostras de arte de 2013 anunciado pelo secretário da cultura de Milão.

As obras do artista Amedeo Modigliani, Rodin, o expressionismo americano, Bob Dylan, a fotografia de Robert Doisneau, as gravuras de Andy Warhol e até os mangás japoneses recheiam a programação dos museus e espaços de exposições da cidade.

O Palazzo Reale deixa Picasso para dar espaço, já em fevereiro, à mostra Modigliani e os artistas de Montparnasse: a coleção de Jonas Netter. Depois será a vez das esculturas de Rodin e de uma mostra monográfica dedicada a um dos gênios do renascimento lombardo, Bernardino Luini.

Obra de Amedeo Modigliani

A produção de arte contemporânea será homenageada com uma mostra que celebra a pintura expressionista abstrata americana (de Pollock a Pop Art) proveniente do Withney Museum de Nova Iorque e com uma grande retrospectiva dedicada ao artista italiano Piero Manzoni, nos cinquenta anos de sua morte.

O pintor americano Jason Pollock

A fotografia terá o seu espaço nas mostras do fotógrafo francês Robert Doisneau em fevereiro no Spazio Oberdan de Milão e na manisfestação dedicada à fotografia italiana em branco e preto de 1947 a 1967.

A famosa foto do beijo do Hotel de Ville

Para fechar o ano com chave de ouro, o cineasta Amos Gitai expõe uma instalação, sempre no Palazzo Reale e Wandy Warhol marca presença no Museu Novecentos, que expõe obras da coleção Bank of America do protagonista da pop art americana.

Acompanhe o Milão nas mãos para ficar por dentro de todas as dicas das mostras de arte em Milão nesse 2013.

Fotos: internet

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Dicas de Milão para crianças

Como mãe de filhas pequenas, eu diria que o inverno não é a melhor época para vir para cá com crianças, já que o frio pode ser um problema e também a falta de opção de curtir praças, parques, praias e piscinas com os pequenos.

Mas se as férias escolares de dezembro e janeiro é o único período que você tem para viajar, o jeito é se organizar para fazer programas que satisfaçam os exigentes padrões infantis.

Milão é uma cidade cheia de museus, de todos os tipos, para todos os gostos e é, com certeza, uma das cidades mais ativas na organização de atividades museais para crianças. Existe um site maravilhoso (também em inglês), organizado por uma mãe, é claro, que reúne o calendário das programações dos museus para crianças em várias cidades italianas.

O castelo de Milão visto do alto (foto: internet)

Não são muitos os museus que organizam atividades em outras línguas, mas muitos deles organizam atividades lúdicas manuais e intuitivas e por isso de fácil participação para crianças estrangeiras.

Aqui vão as minhas dicas em Milão para a criançada.

Para começar, o centralíssimo Castelo Sforzesco. Dependendo da idade do seu filho, entrar em um verdadeiro castelo pode ser uma coisa emocionante. O castelo de Milão hospeda vários museus e entre as coleções estão as de armaduras e armas medievais e também um museu de instrumentos musicais antigos e um museu da pré-história. A entrada aos museus para menores de 18 anos é gratuíta.

Armaduras expostas no museu do castelo (foto: Giovanni Dall’Orto)

Bem atrás do castelo, dentro do parque Sempione, fica o Aquário Cívico de Milão. Não é muito grande, mas a entrada é grátis e se você está por alí, vale a pena dar uma passada.

Dentro dos Jardins Públicos em Porta Venezia fica um dos museus preferidos da criançada: o Museu de História Natural, fundado em 1838 e um dos mais importantes museus naturalísticos da Europa. São 23 salas distribuídas em 5.550 metros quadrados de fósseis, minerais, reproduções de habitats, animais empalhados e a famosa sala dos dinossauros. Nós damos uma passada pelo menos uma vez por ano e parece sempre que é a primeira vez. No mesmo parque fica o Planetário de Milão, que mensalmente propõe palestras e exposições dedicadas a crianças acima dos 8 anos.

A sala dos dinossauros no Museu de História Natural

Também para os maiorzinhos a dica é o Museu da Ciência e Tecnologia Leonardo Da Vinci, com salas dedicadas a disciplinas como: astronomia, rádio e telecomunicações, eletrecidade, acústica e pavilhões dedicados aos transportes ferrovíarios e aeronaval.

Mas o nome do museu faz referência ao seu maior tesouro: a maior coleção no mundo de modelos de máquinas realizados a partir dos desenhos de Leonardo da Vinci.

Alí, a atração para a criançada é também o submarino Toti, onde é permitida a visita dentro da estrutura.

submarino milao museu leonardo

O submarino Toti no Museu de Ciências

No Museu Arqueológico a criançada pode se divertir tentando imaginar como viviam os romanos em Milão entre os séculos 2 e 4, quando a cidade foi capital do Império Romano.

A casa museu Poldi Pezzoli é o único museu que oferece gratuitamente um audioguia em inglês para crianças de 5 a 10 anos, onde quem narra o percurso (o mesmo dos adultos) é um simpático fantasminha, Poldo, que mora na casa. Existe também uma versão do audioguia para a faixa de idade de 11 a 14 anos.

Para os meninos ou até meninas ligados no futebol (e que criança brasileira que não é), a dica é o museu do Estádio San Siro, que em muitod dias, compreende também uma espiadinha do interior do estádio. Para conhecer a história desse famoso templo mundial do futebol, leia o post sobre San Siro.

Museu San Siro Milao

O interior do estádio de San Siro

O HangarBicocca é um espaço com exposições de arte bem interessantes e gratuítas (leia o post). A dica alí é o espaço HBKids, que propõe laboratórios nos finais de semana ou as crianças podem simplesmente entrar, brincar, pintar e desenhar.

O espaço para crianças HBKids no HangarBicocca

E para terminar bem o dia eu sugiro um sorvete, um chocolate quente ou até terminar tudo em pizza!!

Fotos: Milão nas mãos e Wikicommons

 
  
Castelo Sforzesco: aberto todos os dias para visitas das 7 às 18 (no verão até as 19)
Piazza Castello, 3
 
Os museus do Castelo Sforzesco
De terça a domingo das 9h às 17h
Bilhete Inteiro: 5 euros – Meia entrada: 3 euros (para maiores de 65 anos com documento)
Grátis: menores de 18 anos –  às terças-feiras depois das 14h e todos os outros dias das 16.30 às 17.30 (com acesso até as 17h)
 
Aquário Cívico
Parco Sempione (atrás do Castelo)
De terça a domingo das 9h às 13h e das 14h às 17.30h
Bilhete Inteiro: 5 euros – Meia entrada: 3 euros (para maiores de 65 anos com documento)
Grátis: menores de 18 anos 
 
 
Museu de História Natural
Corso Venezia, 55
De terça a domingo das 9h às 17h
Bilhete: Inteiro: 5 euros
Grátis: menores de 18 anos,  às terças-feiras depois das 14h e todos os dias na última hora
 
Museu de Ciência e Tecnologia Leonardo Da Vinci
Via San Vittore, 21
De terça a sexta das 9.30h às 17.30h – Sádados e domingos até as 18.30h
Bilhetes: grátis crianças até 3 anos
Inteiro: 10 euros – 7 euros (crianças de 3 a 13 anos, acompanhadas de 1 adulto)
 
Museu Arqueológico
Corso Magenta, 15
De terça a sexta das 9h às 17.30h
Bilhetes: grátis para menores de 18 anos
Inteiro: 5 euros
 
Museu Poldi Pezzoli
Via Manzoni, 12
Fechado às terças, nos outros dias aberto das 10h às 18h
Bilhetes: grátis para menores de 10 anos
Inteiro: 9 euros – 6 euros (de 11 a 18 anos)
Audioguida para crianças (em italiano e inglês): grátis
 
Estádio San Siro
Via dei Piccolomini, 5 
entrada pelo portão 14
Ingressos Museu e tour guiado 13 euros (grátis para menores de 6 anos)
 
HangarBicocca
Via Privata Chiese, 2
De seg á qua: fechado
De qui à dom: das 11.00 às 23.00
Ingresso gratuito

 

Amor e Psique em Milão

Amor e Psique. A história desse casal, ele deus do amor (Eros), ela a mais linda de todas as mortais, capaz de despertar a fúria e a inveja de Afrodite, deusa do amor e mãe de Eros, rendeu várias obras de artes.

Quadros e esculturas, ao longo dos séculos reproduziram a beleza e o amor desses dois jovens apaixonados.

Até o dia 13 de janeiro 2013, com entrada gratuíta no Palácio Marino, sede da prefeitura de Milão, ficarão expostas duas obras provenientes do Museu do Louvre.

As obras expostas no Palácio Marino

 Logo na entrada da magnífica sala Alessi, onde foi reproduzido um jardim neoclássico (período da obras), o quadro “Psyché et l’Amour” (1798) do pintor francês François Gérard . Depois de uma breve explicação da guia (em italiano) se passa à parte de trás, onde está exposta a escultura “Amore e Psiche stanti” (1797) do escultor italiano Antonio Canova.

A entrada é feita em grupos e a visita não dura mais que 15 minutos. A espera na fila, no lado de fora, depende do horário e do dia da semana (eu esperei 15 minutos para entrar, mas não era final de semana).

A exposição faz parte da parceria da iniciativa privada (ENI) com o museu francês, que pelo quarto ano consecutivo propõe a exposição de singolas obras de arte (é a segunda vez que são expostas duas) com ingresso gratuíto. As edições passadas foram um sucesso e pelas filas que tenho visto nos últimos dias na Praça Scala, esse ano não vai ser diferente.

Se você estiver em Milão nesse período, porque não dar uma passadinha?

Amore e Psiche a Milano
Palazzo Marino – Sala Alessi
Piazza Scala, 2
Até 13 de janeiro 2013 das 9.30 às 20
Ingresso gratuíto
 

Foto: site Comune di Milano