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1° Encontro Europeu de Blogueiros Brasileiros – Barcelona

Nesse final de semana tive o prazer de participar do 1 Encontro Europeu de Blogueiros Brasileiros em Barcelona. A ideia começou a tomar forma em fevereiro desse ano, quando a blogueira Cristina Rosa do Sol de Barcelona, passou por Milão para me visitar e falamos do assunto.

Oito meses depois, vários blogueiros provenientes de várias cidades da Europa se encontraram para se conhecer, discutir temas de interesse comun e claro, conhecer a linda cidade de Barcelona.

O grande encontro do sábado dia 11 de outubro, aconteceu em um salão do Hostal Sant Christopher Barcelona, que gentilmente nos cedeu os espaços. Depois de abraços calorosos de muita gente que só se conhecia virtualmente, a manhã começou com a palestra da Carina do blog Viajoteca sobre a importância das relações entre blogueiros nas redes sociais e por que não, fora dela.

Foto: Pacelli Luckwu - Agenda Berlim

Foto: Pacelli Luckwu – Agenda Berlim

O segundo debate foi sobre os produtos nos blogs, como a venda de roteiros e tours turísticos, como fazemos eu, Cristina, Rita Branco do Porto Encanta e Nicole e Pacelli do Agenda Berlim como já contei nesse post. A calorosa palestra, ainda teve a partecipação via skipe do sempre solícito Daniel Ducs do blog Ducs Amsterdam.

Depois foi a vez da convidada especial Dri Setti, da Revista Viagem e Turismo e também blogueira, que nos falou sobre a criação de conteúdo.

Para finalizar, o casal Wagner Rodrigues e Juliana Bezerra falou sobre técnicas de SEO (ele) e o papel dos blogueiros que vivem na Europa como divulgadores de suas cidades (ela).

Nem preciso falar o quanto tudo foi proveitoso e prazeroso para todos e regado a muita risada, trocas de informações e docinhos trazidos por todos de várias partes da Europa. Para terminar, um amigo secreto entre os participantes, trocando souvenirs das cidades.

Mas a programação continuava com a parte de diversão e turismo. Sábado a noite foi a vez do jantar com as tapas preparadas pelo chef David Hernandez, marido da Cristina, no bar do Hotel Chic & Basic no bairro do Born. E as conversas e risadas continuaram abastecidas pelos melhores pratos da tradição espanhola. Deleite total.

Foto: Rita Branco - O Porto Encanta

Foto: Rita Branco – O Porto Encanta

Mas todo mundo foi embora relativamente cedo, porque o domingo de manhã era reservado para o tour turístico pelo famoso Bairro Gótico com a anfitriã da casa. Foi a vez de Cristina nos contar um pouco sobre a sua Barcelona e uma oportunidade para muito de nós estarmos juntos de novo, até na hora de comermos o conhecido churros com chocolate quente.

tour guiado barcelona milao em portugues

Almoço rápido em uma escadaria do bairro antes de continuar a explorar a cidade com o Press Card que nos foi oferecido pelo Barcelona Turisme e que nos deu a possibilidade de entrar grátis ou com desconto em muitas atrações da cidade, como no surpreendente Museu da Cidade de Barcelona, uma área arqueológoca riquíssima e enorme que encantou a adoradora de restos romanos subterrâneos que vos fala.

Outra preciosidade que visitei no domingo antes do tour, foi a genial e linda Casa Batllò, construída por Gaudì no início do século 20 e que encanta por suas formas arredondadas, mosaicos e o uso do ferro e da madeira.

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A talvez você se esteja perguntando se teve a Sagrada Família. Sim, mas só por fora, por uma comida de bola minha no horário de abertura. Fiquei um tantinho chateada, coisa de dois minutos, até pensar: outra desculpa para voltar (entre outras tantas). Só espero que não leve outros 16 anos, já que última vez que passei pela cidade era 1998.

Segunda-feira vôo de volta. Deixava o sol de Barcelona para chegar em uma chuvosa Milão, que só não me incomodou mais  porque eu estava revigorada, baterias carregadas pela felicidade de encontrar e conhecer pessoas tão legais. Todo mundo na mesma sintonia e querendo as mesmas coisas para seus blogs tão competentes.

Um último agradecimento a Cristina, apaixonada organizadora de tudo, seu empenho se via em cada detalhe.

Ah, e esqueci de comentar lá em cima: debates encerrados no sábado, Rita Branco faz um brinde com um ótimo vinho do Porto Graham’s convidando todos ao 2º Encontro Europeu de Blogueiros Brasileiros. Quer coisa melhor?

Porto 2015, aí vamos nós. Amigos blogueiros, nos vemos lá!

Os blogs participantes do 1 EEBB foram:

Sol de Barcelona

Milão nas Mãos

Agenda Berlim

Viviem UK

Feriado Pessoal

O Porto Encanta

Viaje com Pedro

Viajoteca

Brasileiros mundo a fora

Um ano na Espanha

Rumo a Madrid

Londres com Crianças

Esto es Madrid

Ka entre nós

De café por Barcelona

Barcelona Emociona

Mântua e Sabbioneta: pérolas Unesco na Lombardia

Viver em um país com o patrimônio artístico e cultural como o da Itália, faz sim com que você esteja sempre a poucos quilômetros das belas cidades, mas elas são tantas para conhecer, que as vezes passa um bom tempo até que você repita uma.

Foi assim com Mântua, que conheci há quase 10 anos atrás, em um bate e volta em um ensolarado sábado de maio. Corria o ano de 2005, mas eu tinha boas lembranças do lugar.

Eis que, entre as satisfações da minha breve vida de blogueira, fui convidada pelo projeto Blogville, setor turismo da Região da Lombardia e setor turismo da Província de Mântua para uma viagem de 2 dias na cidade junto com outros 4 blogueiros no final de setembro.

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As atividades foram concentradas em Mântua e Sabbioneta, inseridas da lista dos Patrimônios Unesco (leia aqui o post sobre os patrimônios na Lombardia) em 2008 e infelizmente afetadas durante o terremoto de 2012 na região fronteiriça da Emilia Romanha.

Chegamos em Mântua de trem, partindo de Milão e depois do check-in no nosso hotel, fomos diretamente o agro turismo Corte Pagliare Verdieri onde nos esperava a simpática Mimma para a colheita da uva e a preparação do sugolo , uma espécie de pudim da região feito com o suco da uva e farinha. Depois de colher, espremer a fruta e preparar o doce, almoçamos e seguimos para Sabbioneta, onde nos esperava Manuela para um tour de 2 horas.

Sabbioneta

Fundada entre 1554-1556 por Vespasiano Gonzaga como cidade ideal, foi pensada sobretudo como uma fortaleza, completamente cercada pelas muralhas que até hoje se atravessam para entrar e que com certeza naquela época representavam um dos baluartes mais equipados da Lombardia de domínio espanhol.

Conhecer Mântua e Sabbioneta

Colocada entre os grandes estados regionais da época: Ducado de Milão, Ducado de Mântua e Ducado de Parma e Piacenza, o pequeno estado foi construído com base nos princípios humanísticos de cidade ideal.

Possível ainda ver entrando na cidade, o traçado ‘alla romana’ do Cardo e Decumano, que marcam as duas principais ruas da cidade. A visita começou pelo Palazzo Giardino, onde salas de tetos de madeira trabalhadas e folheadas a ouro e grandes galerias como o Corredor Grande eram destinados a recepção de convidados.

o quer fazer Mantua

Como não poderia deixar de ser, a graciosa cidade renascentista também tem seu Palazzo Ducale, suas igrejas importantes e até o primeiro teatro da era moderna, o Teatro Olímpico, construído em 1590 e ainda hoje operativo.

O tour terminou com a visita a Sinagoga, construída no século 19 em estilo neoclássico pela comunidade hebraica da cidade, que se dedicava a atividade de estampa. No andar superior é ainda possível visitar a sala de orações, decorada com alguns móveis da época.

Todos os quatro monumentos que visitamos fazem parte de um bilhete comum de 12 euros que pode ser comprado nos escritórios da IAT na Piazza delle Armi. É possível também visitar cada monumento separadamente ao custo de 5 euros cada.

Visitar Sabbioneta é como voltar um pouco no tempo, já que a cidade representa um perfeito exemplo das teorias renascentistas da construção da cidade ideal. A cidade fica a cerca de 20km de Mântua e deve ser incluída no seu roteiro caso esteja passando por lá.

Mântua

A manhã do segundo dia era destinada ao tour guiado pela ótima Rosella pelas ruas de Mântua, cidade de arte lombarda e um dos grandes centros do Renascimento italiano nessa área.

Ainda que 10 anos tenham se passado, eu tinha nítidas lembranças da cidade, da sua Piazza delle Erbe com seu Palazzo Vecchio (em reformas depois do terremoto de 2012), Palazzo Nuovo, a Torre do Relógio e a Rotonda de San Lorenzo, igreja de arquitetura românica com planta central.

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Ali ao lado, a magnifica basílica renascentista de Sant’Andrea, maior igreja de Mântua, projetada pelo arquiteto Leon Battista Alberti, com seu interior a nave única completamente decorado e completado pela grande cúpula.

A história da construção basílica é ligada a relíquia de um vaso com o sangue de Jesus . Vários peregrinos viajavam a Mântua para venerar o objeto, ainda hoje guardado em uma cripta na igreja (não visitável).

Mas antes de visitarmos o famoso Palácio Ducal da cidade, onde eu esperava ansiosa pelo Quarto dos Noivos, a surpresa da visita para mim foi o lindíssimo Teatro Bibiena, pérola construída entre 1767-69 e no qual um ano depois da inauguração, um jovem Mozart (14 anos) tocou. Em uma carta para a esposa, Mozart pai escreve: hoje eu conheci o teatro mais lindo do mundo.

Teatro Mantua

Acho que ele tinha razão. O teatro é muito bem conservado e ainda hoje funciona para pequenos concertos e congressos. Se você estiver batendo pernas por Mântua, não deixe de dar um pulo. Vale muito a pena.

Mas quem vai a Mântua não pode pensar na cidade símbolo da família Gonzaga sem pensar em duas grandes construções: o Palazzo Ducale e o Palazzo Tè.

Palácio Ducal

Mais do que falar em palácio, podemos dizer que o complexo arquitetônico de Mântua é uma cidade palácio, já que o conjunto é enorme, composto de várias construções que foram anexadas.

A partir do século 14 foi a residência da família Bonacolsi e sucessivamente dos Gonzaga e ali moravam: o Gonzaga dominante na época, a esposa, o filho primogênito e os outros filhos legítimos até a maior idade e alguns convidados.

Corte Velha, Corte Nova, o Castelo de São Jorge são alguns dos edifícios que formam o imenso complexo. Ainda que suas salas hospedem afrescos, tapetes e decorações de grande valor, quem vai a Mântua e ao Palácio Ducal, vai para ver o famoso Quarto dos Noivos, sala afrescada por Andrea Mantegna e uma das grandes obras do Renascimento Italiano.

A entrada na sala é com hora marcada e a permanência é de 5 minutos. Depois do terremoto de 2012 que afetou as instalações do palácio, o quarto ficou fechado por 2 anos para restaurações e foi reaberto temporariamente para as visitas durante esse verão (até outubro 2014).

O que ver Mantua quarto dos noivos

A sala cúbica, usada muito provavelmente para audiências com o duque, foi pintada entre 1465-74 pelo então pintor de corte Mantegna. O tema geral é a celebração política-dinástica da inteira família Gonzaga com a ocasião da eleição de Francesco Gonzaga como cardeal.

Quatro paredes afrescadas e um teto com uma deliciosa decoração onde anjinhos debruçados olham para baixo, espiando o interior da sala.

Com só cinco minutos lá dentro, realizando um sonho de consumo artístico, não sabia se olhava ou fotografava. Mais olhei que fotografei e nem todas as fotos que mostro aqui, são minhas. Mas valeu a pena!

O passeio pelo palácio prossegue com a visita aos vários ambientes, que hospedam quadros, afrescos e uma linda coleção de tapetes produzidos na Bélgica a partir dos desenhos de Raffaello. Até eu que não sou de tapetes, fiquei encantada.

Palácio Tè

Outro grande edifício monumental da cidade, casa de relax de Federico II Gonzaga, que a usava para hospedar sua amante oficial e para suas festas refinadas.

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O grande edifício quadrado com um pátio no meio, é cheio de grandes salas afrescadas pelo seu também arquiteto, o grande Giulio Romano, que em apenas 10 anos terminou a construção. A sala do Gigante e de Amor e Psique valem a visita e completam um tour por essa pequena pérola que é a cidade de Mântua.

Confesso que Palácio Tè foi uma das minhas etapas na minha passagem por Mântua há dez anos atrás e dessa vez, com a tarde livrem preferi explorar a beira do lago que contorna a cidade.

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A caminhada foi até que longa, mas eu não tinha tempo para um passeio de barco pelas águas do Mincio, o rio das redondezas que formam os lagos em volta da cidade.

Fazer o que? Vou ter que voltar!

Gastronomia

Quem conhece a Itália sabe o quanto é variada a sua gastronomia. Viajamos pouco mais de 100 k de Milão a Mântua e os pratos típicos já mudam completamente.

Parte da nossa experiência também incluía o jantar da sexta e o almoço do sábado em restaurantes que serviam os pratos da região. O mais famoso deles é o tortellini de zucca (torteli de abóbora) quase sempre preparado na manteiga e salvia.

Uma das minhas lembranças de 10 anos atrás era o restaurante onde tínhamos almoçado, mas não me lembrava do endereço e nem do nome. Qual não foi a minha surpresa quando na sexta a noite, depois de caminhar um pouco pelas ruas da cidade que começava a encher, reconheci o L’ochina Bianca, o restaurante onde tinha estado anos atrás.

Não preciso dizer que o menú era bem variado e cada um escolheu um prato diferente: quem primeiro prato, quem segundo. Eu acabei optando por uma massa com ragú de carne de asno. Sim, eu sei, pode parecer estranho para quem não está acostumado, mas é uma daquelas coisas que você não encontra todas as semanas nos restaurantes.

onde comer Mantua restaurante

Eu sou meio chatinha para comer, apesar de ter melhorado muito nesses anos aqui, mas quis experimentar. A carne estava saborosíssima. Aprovado.

Para fechar, uma sobremesa com creme de zabaione (adoro) e o dia se concluía de maneira perfeita.

O almoço do sábado foi ao ar livre, no pátio do Giallo Zucca, onde tinham nos preparado um menú degustação com uma entrada de peixe com polenta, torteli de abóbora e risotto alla pilota, que não é um risoto como conhecemos, mas mais parecido com nosso arroz (sequinho) feito com linguiça.

restaurante Mantua onde comer

Tudo regado com um ótimo vinho branco.

Como vocês podem perceber, Mântua não decepciona na beleza e na gastronomia.

Onde ficar

Com certeza a oferta de hotéis de Mântua é bem diferenciada.

Nós fomos hóspedes do Residence In Centro que fica perto da estação de trem e em uma antiga construção eclesiástica oferece 34 apartamentos-quartos de diferentes dimensões.

O meu era bem grande, no térreo e além de 2 camas de solteiro, era equipado com cozinha, micro-ondas, mesa e cadeiras, geladeira e TV. O banheiro também tinha secador e o residence dispõe de wi-fi grátis e possibilidade de café da manhã por 6 euros (a nossa estava incluída) que inclui café, sucos, croissants, pães, geléias, iogurte, frios e bolos.

hospedagem Mantua hotel

Como chegar

Para quem está de carro, a solução de Milão é pegar a rodovia A4 em direção Veneza e depois desviar na A22 e sair em Mantona Nord.

De trem (como fizemos) a opção são os trens regionais da Trenitalia, que ligam Milão a Mântua em 2 horas. Sim, é o mesmo tempo chegar a Veneza, mas os trens regionais são mais lentos e param em todas as estações.

Mesmo assim, é uma viagem que vale muito a pena. Mais uma cidade lombarda que tem muito para te surpreender.

Fotos: Milão nas mãos – exceto vista de Sabbioneta e Palácio Té (Wikicommons)

Matera: a cidade cavada nas rochas

Milão nas mãos passa as fronteiras do Norte da Itália e lança a categoria pela Itália (encontradas no Menu Passeios) e começa com um destino surpreendente na pouco explorada região da Basilicata, onde as cores, sabores e perfumes fazem a Itália ainda mais Itália.

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Em março desse ano, começamos a pensar em um destino para as nossas férias anuais sem filhas. Estando na Europa, as possibilidades eram múltiplas e chegamos até a pensar em algo mais longe como Bangkok, até que pensei: porque uma cidade em um outro país se nós não conhecemos ainda o Sul da Itália?

Sem escolher muito, a decisão foi uma viagem pela região da Puglia (a batata da perna e salto da bota) e já que iríamos até lá, porque não estender a viagem até Matera, a linda cidade cavada na rocha, que fica na região ao lado da Puglia, a Basilicata.

Chegamos ao aeroporto de Bari (Puglia) em uma manhã do final de junho e depois de retirar o carro que alugamos e passarmos por Trani e Alberobello (que vão ficar para um outro post), chegamos no final do dia sob uma forte chuva para as nossas 2 noites em Matera.

A chegada foi pela parte nova da cidade, que fica em uma parte plana, até entrarmos pelas ruelas da parte medieval onde ficava o nosso hotel, guiados pelo GPS meio enlouquecido e darmos de cara com uma éspecie de presépio de cartão postal. Eu acho que naquele momento, arregalei os olhos e fiquei alguns segundos com a boca aberta: Matera era, como eu esperava, realmente linda… mesmo embaixo de uma chuva de verão que não dava trégua.

viagem Italia Matera

Difícil falar de Matera sem contar um pouco da sua história milenar e bastante dolorida. Patrimônio Unesco desde 1993, no pós guerra a cidade foi considerada vergonha nacional, símbolo do atraso do sul do país, por conta da degradação e das condições miseráveis de milhares de famílias que viviam nas casas grutas, quase sempre junto com os próprios animais. As condições higiênicas eram péssimas, a taxa de mortalidade altíssima e nos anos seguintes o governo evacuou 15.000 pessoas da área.

Matera se esvaziou e caiu no esquecimento por 30 anos, até que nos anos 80 uma lei nacional destina verbas para a recuperação da zona. Em 1993 o reconhecimento da Unesco e a lenta retomada do burgo com um programa de restruturações subsidiado pelo governo e Comunidade Europeia que incentiva a compra de propriedades.

A parte ‘conhecida’ da cidade é chamada I Sassi di Matera (as rochas de Matera), um conjunto de casas cavadas como grutas e algumas construídas que se dividem em duas partes: Sasso Caveoso e Sasso Barisano, de idade medieval. Mas a região de Matera já era habitada em época Paleolítica e em uma parte do grande canyon, chamada Murgia, ainda é possível visitar algumas das 150 construções rupestres transformadas em igrejas a partir no ano mil.

dicas viagem matera italia

Para não perder todos esses aspectos históricos importantíssimos quando se conhece uma cidade como essa, já tínhamos reservado uma visita guiada só para nós dois com uma guia local. Eleonora, formada em História da Arte, nos guiou literalmente para cima a para baixo pelas ruelas escorregadias de Matera (eu estava com sandálias com solas não apropriadas), explicando e mostrando as complexidades e belezas da área por cerca de três horas.

Vimos os fornos comunitários usados para assar pães, o sistema de coleta de água da chuva secular, igrejas, mas o ponto alto do tour para mim foi a visita de uma das casas museus, onde é possível imaginar em que condições viviam até 10 pessoas (mais cavalos, porcos, cabras e galinhas) até pouco mais de 50 anos atrás.

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Quase todas as casas grutas foram cavadas em profundidade, para baixo, para construir dois ou três ambientes. Os mais baixos, muito mais úmidos e frios, serviam como depósito para alimentos e vinho ou como estábulo, assim o calor dos animais ‘subia’ e esquentava os outros ambientes. Uma vida duríssima e sofrida. Tanto que a nossa guia, que tem uma avó que viveu nas grutas, nos contou que a senhora não entende como turistas de todo o mundo paguem as salgadas diárias dos hotéis da cidade para viver uma experiência que muitos materanos querem só esquecer.

Depois do tour e de um almoço rápido, o sol era forte e o calor implacável. Mesmo assim, ficamos zanzando por um centro quase deserto e de lojas fechadas que estava sendo decorado para a grande festa que os materanos fazem no dia de São Pedro, 29 de junho. A ideia era esperar para visitar o Palombaro Lungo, a enorme cisterna cavada nas rochas de Matera no século 17 e hoje localizada embaixo da praça da cidade, que perde como capacidade (pode conter até 5 milhões de litros de água) só para a cisterna de Istambul.

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As visitas (em italiano e inglês contemporaneamente) são feitas por guias locais para pequenos grupos formados no momento.

A cidade tem um Museu Arqueológico riquíssimo (dada a idade pré histórica do lugar) e o Duomo está fechado há anos para reformas, mas caminhar por Matera é um esforço físico intenso e resolvemos que nossa exploração acabaria por alí.

No dia seguinte, depois de deixar o hotel e antes de irmos embora, fomos de carro até o outro lado da Murgia (o canyon) para ver Matera de uma outra perspectiva. Ainda que nós tivéssemos mais 5 dias pela frente com um roteiro de lugares lindos para conhecer, deixei Matera com um gostinho de quero mais. Eu teria ficado na cidade, sem problema nenhum, mais uns 2 dias.

Lembrando, antes de terminar essa parte sobre a cidade, que pela peculiaridade do território e sua história milenar, Matera foi escolhida como locação de vários filmes ao longo desses anos, como o Evangelho Segundo Mateus de Pasolini (1964) e a Paixão de Cristo de Mel Gibson (2004), filme que ajudou a despertar o interesse do mundo pela cidade.

GASTRONOMIA

Ninguém discorda que a gastronomia é um dos pilares da fama da Itália pelo mundo e a do sul do país não decepciona. Feita de produtos locais e frescos, encontramos por lá coisas nunca provadas no mais gélido Norte.

Na noite que chegamos, uma segunda, alguns restaurantes estavam fechados e acabamos decidindo por um restaurante perto do hotel, o Restaurante Francesca,  uma construção cavada como tantas outras mas com interior mais moderno, onde acabamos provando dois tipos de massa com molhos aparentemente simples, mas deliciosos. Tudo acompanhado por um vinho local.

dicas matera restaurante

No dia seguinte, depois do nosso tour, a ideia era conhecer as famosas ‘laterias’ de algumas cidades do sul. Elas são como um açougue/mercearia com mesas e cadeiras onde você escolhe um corte de carne e eles preparam para você na hora.

Alí no centro optamos pela La Latteria, ambiente simples e autêntico onde comemos carne. Eu, lembrando da dica da minha guia, escolhi linguiça pezzente, um produto Slow Food feito de carne de porcos criados em estado selvagem.

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A noite do segundo dia foi regada a vinho e risadas em um happy hour com a brasileira Cris Bergamini, que vive em Matera e que me ‘achou’ no Instagram quando postei uma foto da cidade. Da série ‘as maravilhosas pessoas que encontro através do blog’.

HOSPEDAGEM

Matera tem uma rede hoteleira incrível e diversificada, já que grande parte das construções da cidade medieval foram convertidas em hotéis, bed and breakfast e albergues.

Tínhamos decidido que a nossa hospedagem em Matera seria um dos pontos altos da viagem (além das paisagens e lugares visitados). A escolha ficou por conta do meticuloso (e romântico) marido, que depois de dias e dias de pesquisa, acabou reservando duas noites no exclusivo Sextantio Le Grotte della Civita

O hotel faz parte do projeto de um empresário italo-sueco (ele tem outro na região de Abruzzo) de recuperação de burgos e áreas abandonadas e em Matera ele é composto de cerca de 20 quartos-grutas concentrados em uma pequena área do Sasso Barisano onde também ficavam a recepção e a sala de café da manhã, montada onde antes era uma igreja.

dicas hoteis matera italia

A proposta do hotel é de uma intervenção mínima nas grutas e os quartos, bem peculiares, não tem televisão, frigobar ou telefone. Você está alí para apreciar Matera e isso não inclui nem a ideia de assistir o jornal da noite e suas notícias pouco animadoras.

A nossa suíte tinha cerca de 140 mt² divididos em 3 ambientes: o quarto, um banheiro com chuveiro e  pia onde antes era um estábulo (a pia era uma manjedoura  e os ganchos nas paredes eram usados para amarrar os cavalos) e a cenográfica sala de banho, onde uma banheira de design reinava no meio, rodeadas de velas. Todos os produtos (sabonetes e shampoos) eram orgânicos e os móveis também eram em linha com o ambiente: todos antigos e de madeira.

dicas hoteis italia matera

Entrando no quarto-gruta, se sentia a umidade e um leve cheiro de molhado, mas um grandíssimo desumidificador dava conta do recado. Mesmo assim, em pleno final de junho, dormimos de cobertor.

Os quartos da parte de baixo do hotel tem vista (saindo na varanda) para a espetacular Murgia de Matera, uma espécie de canyon atravessada por um longo riacho. É do outro lado que ficam a maior parte das igrejas rupestres da região, que acabamos deixando para visitar em uma outra ocasião (as visitas são feitas só com guias autorizados).

O café da manhã do hotel também era a altura de toda atmosfera: mousse de ricota, mozzarelas frescas, foccacias e bolos caseiros, frutas e pães da região servidos em grande mesas de madeira dentro da igreja-gruta.

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Se Matera em si já é uma experiência intensa, a hospedagem no Sextatio foi uma escolha perfeita para coroar a nossa estadia na cidade.

Outros hotéis na cidade propõe quartos dentro das grutas cavadas nas rochas materenses, como o Hotel in Pietra, propriedade da brasileira Cris Bergamini e seu marido.

Na noite que conversamos e rimos muito, fui conhecer a estrutura, elegantemente decorada por Cris com uma mistura de móveis locais e brasileiros. A minha paixão foi por um quarto com um terraço com vista para as rochas de Matera.

hotel em Matera Italia

Já que resolvi que mais cedo ou mais tarde volto a Matera, pelo menos o próximo quarto já está escolhido.

Para quem é adepto dos albergues da juventude a opção é a Fondazione Le Monacelle, que dispõe de 12 quartos com ar condicionado, café da manhã incluído por preços mais modestos do que as outras estruturas hoteleiras da cidade.

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COMO CHEGAR

A região da Basilicata não tem aeroporto e a melhor maneira é chegar até a Puglia. Nós pegamos um vôo Milão-Bari e lá alugamos um carro para rodarmos pela região por 6 dias.

É possível também chegando de avião em Bari pegar um trem ou shuttle até Matera.

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Tour com guias brasileiras na Europa

Bellagio e Varenna: as pérolas do Lago de Como

Apareceu na novela, em alguma revista ou caderno de turismo? Porque os brasileiros, esse ano, parecem ter descoberto Bellagio, a linda cidadezinha que fica na ponta da privilegiada ponta da ramificação do lago de Como, que tem a forma de um Y de cabeça para baixo.

Esse mês de junho e julho foi um dos passeios aos arredores de Milão  mais procurados pelos clientes… e em setembro a procura continua.

Você pode incluí-las em um estadia mais longa em Como ou em um bate e volta ao lago a partir de Milão.

passeios lago como bellagio

Mas o lindo lago lombardo tem também uma outra pitoresca cidadezinha, na parte das margens de Lecco, que rivaliza com Bellagio o título de Pérola do Lago de Como: é Varenna.

As duas cidades, que ficam bem em frente uma da outra, são ligadas pelos barcos que fazem o transporte de passageiros no lago e se você tiver um dia livre pela frente, pode visitar as duas, já que se são vilarejos pequenos.

BELLAGIO

Uma das cidades mais famosas do Lago de Como, era um renomado local de férias, hoje conta com pouco mais de 3.000 habitantes e fica a 1 hora da cidade de Como com o barco rápido.

Ainda que conheça gente que tenha pernoitado na localidade, acho que ela vale mais para uma passada, um pouco mais demorada se incluir um almoço ou um café no final da tarde.

Visitar Bellagio Lago Como

O barco que parte de Como atraca no ínicio da beira lago, que reune restaurantes e hotéis e que partir da primavera ficam lotados. É a beira d lago que ficam as duas renomadas vilas da cidade: Villa Serbelloni, que hoje é o único hotel 5 estrelas de Bellagio (o parque é visitável para grupos organizados e com reserva) e a Villa Melzi d’Eril, propriedade privada e ainda hoje, residência. O seu parque fica aberto a visitações do final de março até início de novembro.

Mas a verdadeira atração fica por contas das ruazinhas que levam a parte de cima do vilarejo, onde turistas entram e saem das pequenas lojas de souveniers e de boutiques.

Visita lago Como e Bellagio

Não resta que fazer a mesma coisa, talvez se dedicando a entrar rapidamente nas duas igrejas que ficam na colina: San Giorgio e a basílica de San Giacomo, um pouco escura mas bem bonitinha.

Para quem vai em um bate a volta a partir de Como, a visita dura entre 2 ou 3 horas, tempo suficiente para apreciar o dolce far niente regado pelo sol de primavera ou verão.

Quem prefere fazer as coisas com mais calma, pode escolher de pernoitar ao menos uma noite na cidade.

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VARENNA

Fica na frente de bellagio, mas na parte da ramificação do lago que pertence a Província de Lecco. Era um antigo vilarejo de pescadores e que hoje conta com menos de menos de 1.000 habitantes.

Vale para um bate e volta a partir de Como  e, por que não, combinada com uma passagem por Bellagio, a qual é ligada por uma breve distância de barco.

Varenna Visitar Lago de Como

É mais plana que a sua rival, tem uma beira lago menos poluída pelos pontos de barco e, quer saber? É a minha preferida entre as duas, até porque me parece menos turística.

Confesso que já faz alguns anos que não retorno (todos pedem Bellagio), mas me lembro de suas ruazinhas, de um sorvete maravilhoso que tomei (ok, aqui não é difícil) e das “prainhas” da cidade.

A maior atração da cidade é a linda Villa Monastero, que fica ao longo do lago, é propriedade da Provincia de Lecco e hospeda uma casa museu e um lindo jardim botânico.

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Mais uma das belezas da Lombardia para você incluir no seu roteiro.

A viagem entre Como e Bellagio dura 1 hora com barco rápido (14,90 por trajeto) e 1 hora e 50min com o barco lento (8,90 por trajeto). Clique no site da empresa de navegação para saber os horários, que mudam segundo a estação do ano.

Site empresa de navegação Lago de Como (em inglês)

Site Turismo Bellagio

Site Turismo Varenna

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Foto da vista de Varenna: Wikicommons – autor: Aconcagua